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Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito – janeiro 2025

Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de crédito – Jan. 2025
Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito – janeiro 2025

Apresentação dos resultados

O questionário referente ao presente exercício foi enviado aos bancos no dia 10 de dezembro de 2024 e o envio de respostas ocorreu até ao dia 6 de janeiro de 2025. A avaliação da oferta e da procura refere-se ao quarto trimestre de 2024 por comparação com o trimestre anterior. As expetativas referem-se ao primeiro trimestre de 2025.

Oferta

  • Critérios de concessão de crédito: praticamente sem alterações no segmento das empresas (embora ligeiramente mais restritivos para PME) e no dos particulares para consumo e outros fins. Ligeiramente menos restritivos nos empréstimos a particulares para aquisição de habitação.

    • Fatores: nas empresas, os riscos associados à situação e perspetivas de empresas ou setores de atividade específicos e a tolerância a riscos contribuíram ligeiramente para o aumento da restritividade. Nos empréstimos para aquisição de habitação, a concorrência de outras instituições bancárias contribuiu ligeiramente para critérios menos restritivos.

  • Termos e condições do crédito: ligeira diminuição da taxa de juro praticada nos empréstimos concedidos a empresas (transversal à dimensão da empresa) e para aquisição de habitação. Neste último segmento de crédito, acresce ainda a ligeira diminuição do spread aplicado nos empréstimos de risco médio. Sem alterações nos empréstimos para consumo e outros fins.

    • Fatores: no crédito a empresas e à habitação, a concorrência de outras instituições bancárias contribuiu ligeiramente para termos e condições menos restritivos. Em sentido contrário, nos empréstimos a empresas, os riscos associados à situação e perspetivas de empresas ou setores de atividade específicos e a tolerância a riscos contribuíram ligeiramente para termos e condições mais restritivos.

  • Proporção de pedidos de empréstimo rejeitados: sem alterações nos empréstimos a empresas e ligeiro aumento nos empréstimos a particulares, em ambos os segmentos de crédito.

  • Expetativas: critérios de concessão inalterados, tanto no crédito a empresas como no crédito a particulares.

  1. Oferta de crédito | Índice de difusão

Painel A — Empresas | Apreciação global

Painel B — Particulares | Habitação

Painel C — Particulares | Consumo e outros fins

Notas: A oferta de crédito corresponde aos critérios de concessão reportados pelos bancos. O índice de difusão varia entre -100 e 100. Valores inferiores (superiores) a zero traduzem critérios menos (mais) restritivos. O valor zero corresponde a praticamente sem alterações. Os dados para o último trimestre correspondem a expetativas dos bancos inquiridos.

Procura

  • Procura de empréstimos por parte de empresas: sem alterações, transversal a empresas de diferentes dimensões e a diferentes prazos do empréstimo.

    • Fatores: o recurso à geração interna de fundos como fonte de financiamento alternativa contribuiu ligeiramente para diminuir a procura de empréstimos por empresas. Em sentido oposto, o nível geral das taxas de juro e, no segmento das PME, o refinanciamento/ reestruturação e a renegociação da dívida e o financiamento do investimento contribuíram ligeiramente para o aumento da procura.

  • Procura de empréstimos por parte de particulares: aumento da procura, sobretudo no segmento da habitação.

    • Fatores: o nível geral das taxas de juro e, em menor grau, a confiança dos consumidores e o regime regulamentar e fiscal do mercado da habitação contribuíram para o aumento da procura neste segmento. No segmento do consumo e outros fins, a confiança dos consumidores contribuiu ligeiramente para o aumento da procura de empréstimos.

  • Expetativas: nas empresas, ligeiro aumento da procura de empréstimos, por PME e por empréstimos de longo prazo. Nos particulares, aumento da procura de empréstimos no segmento da habitação e sem alterações no segmento do consumo e outros fins.

  1. Procura de crédito | Índice de difusão

Painel A — Empresas | Apreciação global

Painel B — Particulares | Habitação

Painel C — Particulares | Consumo e outros fins

Notas: O índice de difusão varia entre -100 e 100. Valores inferiores (superiores) a zero traduzem uma redução (um aumento) da procura. O valor zero corresponde a praticamente sem alterações. Os dados para o último trimestre correspondem a expetativas dos bancos inquiridos.

Questões ad hoc

Nesta secção apresentam-se os resultados de um conjunto de questões adicionais de natureza não permanente.

Sobre o financiamento a retalho e por grosso
  • Últimos três meses: ligeira melhoria no acesso a financiamento através da titularização de empréstimos e na capacidade de transferência do risco de crédito para fora do balanço; em sentido contrário, ligeira deterioração no acesso a financiamento por emissão de títulos de dívida de médio a longo prazo.

  • Próximos três meses: ligeira melhoria na capacidade de transferência do risco de crédito para fora do balanço e, em sentido oposto, ligeira deterioração no acesso a financiamento por emissão de títulos de dívida de médio a longo prazo.

Sobre o impacto dos novos requisitos regulamentares ou prudenciais relativos a fundos próprios, alavancagem, liquidez ou constituição de provisões
  • No balanço e condições de financiamento

    • Últimos doze meses: ligeira redução do total dos ativos dos bancos e ligeiro aumento dos fundos próprios por via de lucros não distribuídos. Condições de financiamento dos bancos mais restritivas.

    • Próximos doze meses: impactos, de um modo geral, semelhantes aos reportados para os últimos doze meses, aos quais acresce a ligeira redução dos ativos ponderados pelo risco, nomeadamente de empréstimos de risco médio e de maior risco.

  • Nos critérios de concessão e nos spreads

    • Últimos doze meses: sem impacto nos critérios de concessão de crédito a empresas e a particulares e ligeira redução de spreads nos empréstimos para aquisição de habitação.

    • Próximos doze meses: critérios ligeiramente menos restritivos e ligeira redução de spreads nos empréstimos para aquisição de habitação; sem impacto no crédito a empresas e para consumo e outros fins.

Sobre o impacto dos rácios de créditos não produtivos e de outros indicadores da qualidade do crédito dos bancos
  • Últimos seis meses: ligeiro contributo para tornar os critérios de concessão menos restritivos nos empréstimos a empresas e a particulares para aquisição de habitação. Os custos relacionados com as operações de limpeza do balanço contribuíram ligeiramente para uma política de concessão de crédito menos restritiva e, em sentido contrário, a perceção de riscos e a tolerância a riscos do banco, decorrentes do efeito dos indicadores da qualidade de crédito, contribuíram ligeiramente para uma maior restritividade.

  • Próximos seis meses: sem impacto nos critérios de concessão e termos e condições, apesar da perceção de riscos e da tolerância a riscos contribuírem ligeiramente para uma política de concessão de crédito mais restritiva.

Sobre os critérios de concessão de crédito, os termos e condições aplicados a novos empréstimos e a procura de empréstimos para os principais setores de atividade económica
  • Últimos seis meses: critérios de concessão e termos e condições ligeiramente mais restritivos para empresas das indústrias transformadoras, em particular das indústrias intensivas em energia, e do setor da construção de edifícios e atividades imobiliárias do ramo comercial; ligeiro aumento da procura de empréstimos por empresas desses setores de atividade.

  • Próximos seis meses: alterações na política de concessão de crédito, de um modo geral, semelhantes às reportadas nos últimos seis meses; ligeiro aumento da procura de empréstimos por empresas das indústrias transformadoras, em particular das indústrias intensivas em energia.

Sobre o impacto de alterações no excesso de liquidez dos bancos junto do Eurosistema
  • Últimos seis meses: sem impacto nos critérios de concessão e nos termos e condições, assim como no volume de crédito concedido pelos bancos.

  • Próximos seis meses: expetativa de que continue a não ter impacto.

Os resultados do inquérito são integralmente apresentados no anexo “Resultados para Portugal – Quadros”.

  1. Crédito à habitação: o papel da oferta e procura de crédito em Portugal e na área do euro

A dinâmica no mercado de crédito à habitação reflete fatores tanto do lado da procura como da oferta. De acordo com as respostas ao Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito (Bank Lending Survey, BLS), a procura e a oferta de crédito à habitação tendem a mover-se no mesmo sentido e apresentam também uma correlação positiva com o valor dos novos empréstimos à habitação (Gráfico C1.1 e Gráfico C1.2). Esta correlação está associada em grande parte à transmissão da política monetária.

Uma análise econométrica simples com base nas respostas individuais dos bancos da área do euro ao BLS permite quantificar a relação entre a evolução dos novos empréstimos à habitação e a dinâmica da procura e oferta reportada pelos bancos. Tendo por base as respostas ao inquérito entre 2003 e 2024, os resultados desta análise indicam que quando um banco reporta um alívio nos critérios de concessão de crédito à habitação, os novos empréstimos crescem 2,3 pontos percentuais (pp) no trimestre seguinte (Gráfico C1.3). Quando um banco reporta um aumento da procura, os novos empréstimos à habitação crescem 1,3 pp no trimestre seguinte.1 Os resultados sugerem, para o conjunto de bancos da área do euro, um efeito mais pronunciado sobre os novos montantes de empréstimos à habitação associado às condições da oferta de crédito do que aquele associado à evolução da procura. Esta evidência pode estar relacionada com o facto de a procura tender a refletir dinâmicas agregadas mais próximas do ciclo económico enquanto a oferta pode refletir de forma mais direta as decisões individuais dos bancos.

Ao longo dos últimos trimestres, os resultados do BLS para a área do euro apontam para um aumento na procura de crédito à habitação e um ligeiro alívio nos critérios de concessão de crédito. O alívio nas condições da oferta (até ao terceiro trimestre de 2024) reflete pressões de concorrência de outras instituições bancárias e as condições de liquidez dos bancos. O aumento da procura está associado ao nível geral das taxas de juro e às melhores perspetivas para o mercado de habitação. Em Portugal, os resultados do BLS indicam um aumento da procura desde o terceiro trimestre de 2024, relacionado com a diminuição do nível geral das taxas de juro e, em menor grau, com o aumento da confiança dos consumidores e com o regime regulamentar e fiscal do mercado de habitação. No quarto trimestre de 2024, os bancos portugueses reportaram também um ligeiro alívio nos critérios de concessão de crédito.

Os resultados recentes do BLS, juntamente com os resultados da análise econométrica, poderiam sugerir um crescimento no crédito à habitação mais acentuado na área do euro do que em Portugal, caso as regularidades históricas se mantivessem. No entanto, o crescimento dos novos empréstimos à habitação tem sido bastante mais acentuado em Portugal do que na área do euro (Gráfico C1.1 e Gráfico C1.2). Enquanto o fluxo de novos empréstimos em Portugal, em 2023 e 2024, ficou 41% e 28%, respetivamente, acima do fluxo de 2022, na área do euro ficou cerca de 30% abaixo. Este resultado está bastante influenciado pelo aumento das renegociações de crédito à habitação em Portugal, na sequência do ciclo rápido de subida de taxas de juro iniciado em 2022. Estas renegociações parecem contribuir, em grande parte, para explicar a discrepância da evolução recente face às regularidades históricas e aos resultados do BLS. Ao excluir os montantes dos novos empréstimos que correspondem a renegociações, a dinâmica dos “puros” novos empréstimos à habitação é bastante mais moderada e mais próxima à registada na área do euro. Em Portugal, o fluxo destes “puros” novos empréstimos em 2023 situou-se 13% abaixo do fluxo de 2022, regressando em 2024 a um fluxo semelhante ao de 2022.

  1. Empréstimos à habitação: oferta e procura segundo o BLS e valor dos novos empréstimos — Portugal

Fonte: Banco de Portugal. | Notas: Oferta e procura: respostas às questões “alterações nos critérios de concessão” e “alterações na procura” dos empréstimos a particulares para aquisição de habitação em índice de difusão. O índice de difusão varia entre -100 e 100. Valores inferiores (superiores) a zero traduzem critérios menos (mais) restritivos ou uma redução (um aumento) da procura. O valor zero corresponde a praticamente sem alterações. A procura está medida pelo índice de difusão e a oferta pelo inverso do índice. Os novos empréstimos “puros” correspondem a novos empréstimos, excluindo as renegociações.

  1. Empréstimos à habitação: oferta e procura segundo o BLS e valor dos novos empréstimos — Área do euro

Fonte: BCE. | Notas: Oferta e procura: respostas às questões “alterações nos critérios de concessão” e “alterações na procura” dos empréstimos a particulares para aquisição de habitação em índice de difusão. O índice de difusão varia entre -100 e 100. Valores inferiores (superiores) a zero traduzem critérios menos (mais) restritivos ou uma redução (um aumento) da procura. O valor zero corresponde a praticamente sem alterações. A procura está medida pelo índice de difusão e a oferta pelo inverso do índice. Os novos empréstimos “puros” correspondem a novos empréstimos, excluindo as renegociações.

  1. Impacto no crescimento trimestral dos novos empréstimos à habitação de alterações na oferta e na procura, face a condições inalteradas — Área do euro | Pontos percentuais

Fontes: BCE e cálculos do Banco de Portugal. | Notas: o efeito médio corresponde aos coeficientes das variáveis independentes na regressão de painel (115 bancos) para o período de 2007 T4 a 2024 T3. A variável dependente corresponde à variação do logaritmo do fluxo trimestral dos novos empréstimos à habitação e as variáveis independentes (para o trimestre corrente T e o trimestre anterior T-1) correspondem a critérios de concessão de crédito (oferta), de acordo com a seguinte métrica: inalterados, aperto ou alívio; e à procura de crédito, de acordo com a seguinte métrica: inalterada, aumento ou redução. A regressão inclui efeitos fixos de país-trimestre para captar dinâmicas específicas não observadas que afetam de modo igual os bancos do mesmo país no mesmo trimestre (por exemplo, alterações na política monetária).

 

Apresentação dos resultados