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Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito – abril 2025

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Infografia - Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito - abril 2025

 

Apresentação dos resultados

O questionário referente ao presente exercício foi enviado aos bancos no dia 10 de março de 2025 e o envio de respostas ocorreu até ao dia 24 de março. A avaliação da oferta e da procura refere-se ao primeiro trimestre de 2025 por comparação com o trimestre anterior. As expetativas referem-se ao segundo trimestre de 2025.

Oferta

  • Critérios de concessão de crédito: sem alterações, no crédito a empresas e a particulares.

  • Termos e condições do crédito: no crédito a empresas, ligeira diminuição da taxa de juro praticada e do spread aplicado nos empréstimos de risco médio (transversal à dimensão da empresa). No crédito à habitação, ligeira diminuição do spread aplicado nos empréstimos de risco médio e da restritividade associada ao rácio entre o valor do empréstimo e o valor da garantia (loan-to-value). Sem alterações no crédito ao consumo e outros fins.

    • Fatores: no segmento das empresas, a concorrência de outras instituições bancárias contribuiu ligeiramente para termos e condições menos restritivos. De igual modo, nos empréstimos para aquisição de habitação, este fator contribuiu ligeiramente para a redução do spread aplicado nos empréstimos de risco médio.

  • Proporção de pedidos de empréstimo rejeitados: sem alteração no segmento das empresas e ligeiro aumento nos empréstimos a particulares, em ambos os segmentos de crédito.

  • Expetativas: critérios de concessão de crédito ligeiramente menos restritivos tanto no crédito a empresas (para PME e em todas as maturidades dos empréstimos) como no crédito a particulares.

  1. Oferta de crédito | Índice de difusão

Painel A — Empresas | Apreciação global

Painel B — Particulares | Habitação

Painel C — Particulares | Consumo e outros fins

Notas: A oferta de crédito corresponde aos critérios de concessão reportados pelos bancos. O índice de difusão varia entre -100 e 100. Valores inferiores (superiores) a zero traduzem critérios menos (mais) restritivos. O valor zero corresponde a praticamente sem alterações. Os dados para o último trimestre correspondem a expetativas dos bancos inquiridos.

Procura

  • Procura de empréstimos por parte de empresas: ligeiro aumento por PME e por empréstimos de longo prazo e, em sentido oposto, ligeira diminuição por grandes empresas.

    • Fatores: o nível geral das taxas de juro e, em menor grau, as necessidades de financiamento do investimento contribuíram para o aumento da procura. Em sentido contrário, o recurso à geração interna de fundos como fonte de financiamento alternativa contribuiu ligeiramente para diminuir a procura de empréstimos por empresas.

  • Procura de empréstimos por parte de particulares: aumento da procura, sobretudo no segmento da habitação.

    • Fatores: no segmento da habitação, o nível geral das taxas de juro, o regime regulamentar e fiscal do mercado da habitação e, em menor grau, a confiança dos consumidores contribuíram para o aumento da procura. No segmento do consumo e outros fins, a confiança dos consumidores contribuiu ligeiramente para o aumento da procura de empréstimos.

  • Expetativas: ligeiro aumento da procura de empréstimos tanto por empresas (por empréstimos de longo prazo e transversal à dimensão das empresas) como por particulares.

  1. Procura de crédito | Índice de difusão

Painel A — Empresas | Apreciação global

Painel B — Particulares | Habitação

Painel C — Particulares | Consumo e outros fins

Notas: O índice de difusão varia entre -100 e 100. Valores inferiores (superiores) a zero traduzem uma redução (um aumento) da procura. O valor zero corresponde a praticamente sem alterações. Os dados para o último trimestre correspondem a expetativas dos bancos inquiridos.

Questões ad hoc

Nesta secção apresentam-se os resultados de um conjunto de questões adicionais de natureza não permanente.

Sobre o financiamento a retalho e por grosso
  • Últimos três meses: ligeira melhoria no acesso a financiamento através de depósitos de curto prazo.

  • Próximos três meses: ligeira melhoria no acesso a financiamento por emissão de títulos de dívida de médio a longo prazo e da titularização de empréstimos a empresas, bem como na capacidade de transferência do risco de crédito para fora do balanço.

Sobre o impacto de alterações da carteira de ativos de política monetária do BCE
  • No balanço e situação financeira dos bancos

    • Últimos seis meses: ligeiro aumento do total dos ativos dos bancos, nomeadamente de obrigações soberanas da área do euro.

    • Próximos seis meses: ligeiro aumento de obrigações soberanas da área do euro nos ativos dos bancos e ligeira diminuição de rendibilidade global dos bancos por via da margem financeira.

  • Na política e volume de crédito – últimos/próximos seis meses: sem impacto nos critérios de concessão, termos e condições e volume de crédito concedido a empresas e a particulares.

Sobre o impacto dos rácios de créditos não produtivos e de outros indicadores da qualidade do crédito dos bancos
  • Últimos três meses: sem impacto nos critérios de concessão e termos e condições dos empréstimos concedidos a empresas e a particulares, apesar do ligeiro contributo da tolerância a riscos dos bancos para uma maior restritividade.

  • Próximos três meses: ligeiro contributo da perceção de riscos e da tolerância a riscos dos bancos para tornar a política de concessão de crédito mais restritiva, embora sem impacto agregado na mesma.

Sobre o impacto das decisões sobre as taxas de juro oficiais diretoras do BCE na rendibilidade dos bancos
  • Últimos seis meses: diminuição da rendibilidade global dos bancos, sobretudo por via da redução na margem financeira decorrente do efeito preço negativo e, em menor grau, por via da diminuição de outros proveitos (que não juros) e do aumento da necessidade de constituição de provisões e imparidades.

  • Próximos seis meses: impactos de um modo geral semelhantes aos dos últimos seis meses, mas mais acentuados, decorrentes da redução margem financeira por via do efeito preço negativo e, em menor grau, do aumento da necessidade de constituição de provisões e imparidades.

    Ver Caixa 1 para uma análise das respostas dos bancos portugueses e da área do euro a esta questão ad hoc.

Os resultados do inquérito são integralmente apresentados no anexo “Resultados para Portugal – Quadros”.

  1. Rendibilidade dos bancos no recente ciclo de taxas de juro de política monetária

Entre julho de 2022 e setembro de 2023, em resposta às pressões inflacionistas, o Conselho do BCE aumentou as taxas de juro em 450 pontos base (pb). Desde junho de 2024, tendo por base a avaliação da dinâmica e perspetivas da inflação, o BCE tem vindo gradualmente a reduzir o grau de restritividade da política monetária, com os cortes acumulados nas taxas de juro a totalizarem 150 pb até ao presente.

A política monetária tem múltiplos efeitos sobre a rendibilidade dos bancos. De um modo geral, fases de subida de taxas de juro ou de antecipação de subidas tendem a beneficiar a rendibilidade bancária por via da margem financeira (diferença entre os juros recebidos de ativos, maioritariamente empréstimos, e os juros pagos a passivos, maioritariamente depósitos). Nestas alturas, as taxas de juro ativas, associadas a maturidades mais longas, tendem a ser superiores às taxas de juro passivas, associadas a maturidades mais curtas. De facto, na fase de subida das taxas entre 2022 e 2023, a rendibilidade dos bancos da área do euro, avaliada em relação aos capitais próprios, aumentou em termos agregados face aos valores registados durante o período anterior de taxas de juro muito baixas (Gráfico C1.1 — painel A). No caso português, o aumento da rendibilidade do sistema bancário foi bastante mais acentuado, atingindo níveis máximos históricos em junho de 2024.

Além do nível das taxas de juro, a evolução diferenciada de fatores específicos aos bancos (nomeadamente, condições de financiamento, níveis de endividamento, qualidade de crédito, modelo de negócio e eficiência operacional), bem como de fatores relacionados com a conjuntura e perspetivas económicas dos países onde operam, são relevantes na determinação da rendibilidade dos sistemas bancários nacionais. Em Portugal, no período de subida das taxas, o aumento da margem financeira deu um contributo significativo para o aumento da rendibilidade dos bancos (Gráfico C1.1 — painel B).

Estes desenvolvimentos são corroborados, de um modo geral, pelas respostas dos bancos à questão ad hoc do Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito (Bank Lending Survey, BLS) relativa ao impacto das decisões passadas ou esperadas sobre as taxas de juro diretoras do BCE na rendibilidade bancária (Gráfico C1.2). Segundo os bancos portugueses, as subidas nas taxas de política contribuíram para o aumento na margem financeira, sobretudo via efeito preço, ligeiramente atenuado por um efeito volume negativo.1 O mesmo foi apontado pelos bancos da área do euro no seu conjunto, embora com um efeito volume negativo mais marcado. Nesse período, tanto os bancos em Portugal como os da área do euro assinalaram que a necessidade de constituir provisões e imparidades, decorrente das decisões sobre as taxas de política, contribuiu ligeiramente para diminuir a rendibilidade.

Em meados de 2024, quando o BCE iniciou o ciclo de descida das taxas diretoras, especialmente a partir do último trimestre do ano, a rendibilidade bancária na área do euro e em Portugal diminuiu ligeiramente (Gráfico C1.1 — painel A). De acordo com o BLS, tanto os bancos portugueses como os da área do euro no seu conjunto identificam um forte contributo negativo do efeito preço, decorrente das decisões de política monetária, para a redução da margem financeira e, consequentemente, da rendibilidade bancária (Gráfico C1.2). No caso português, também o aumento da necessidade de constituição de provisões e imparidades concorre para a diminuição da rendibilidade, embora em muito menor grau.

  1. Rendibilidade bancária | Em percentagem

Painel A —
Rendibilidade na área do euro e em Portugal

Painel B —
Componentes da rendibilidade em Portugal

Fontes: BCE e Banco de Portugal. | Notas: No painel A, as séries da rendibilidade correspondem ao valor anualizado do resultado líquido em percentagem dos capitais próprios (ROE), no final do trimestre. A série da área do euro inclui apenas o conjunto de instituições de crédito classificadas como “significativas” nos países da União Europeia que participam no Mecanismo Único de Supervisão. Considerou-se como taxa de referência do mercado interbancário a taxa de juro Euribor a 3 meses, cujos valores correspondem a médias trimestrais. No painel B, as séries são componentes da rendibilidade do sistema bancário português em percentagem do ativo médio (média móvel ponderada do ativo).

 
  1. Impacto das decisões sobre as taxas de juro diretoras do BCE na rendibilidade dos bancos e nas componentes da rendibilidade | Índice de difusão

Painel A — Portugal

 

Painel B — Área do euro

Fontes: Banco de Portugal e BCE. | Notas: Os dados referem-se às respostas dos bancos inquiridos no BLS à questão: “Nos últimos seis meses, as decisões sobre as taxas de juro oficiais diretoras do BCE, passadas e/ou que o seu banco antecipa, levaram a uma alteração da rendibilidade do seu banco? E qual será o impacto nos próximos seis meses?”. Os dados para o segundo/terceiro trimestres de 2025 correspondem a expetativas dos bancos para os próximos seis meses formuladas o final do primeiro trimestre do ano. O índice de difusão varia entre -100 e 100. Valores superiores (inferiores) a zero traduzem um impacto positivo (negativo) ou um contributo para um aumento (uma diminuição). O valor zero corresponde à situação “praticamente sem alteração” ou “praticamente sem impacto”. Para a menor amplitude de valores do índice de difusão para a área do euro, face a Portugal, pode contribuir o facto de o índice de difusão da área do euro resultar da agregação das respostas de vários países, possivelmente com modelos de negócio bancário variados entre si.

 

Apresentação dos resultados