O Banco de Portugal publica hoje o Boletim Económico de dezembro de 2016. O Boletim atualiza as projeções macroeconómicas para o período 2016-2018, divulgando pela primeira vez projeções para 2019.
O Banco de Portugal publica hoje o Boletim Económico de dezembro de 2016. O Boletim atualiza as projeções macroeconómicas para o período 2016-2018, divulgando pela primeira vez projeções para 2019.
No horizonte de projeção 2016-2019 a economia portuguesa deverá manter a trajetória de recuperação moderada que tem caracterizado os anos mais recentes. Após um crescimento projetado de 1,2 por cento em 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá acelerar para 1,4 por cento em 2017, estabilizando o seu ritmo de crescimento em 1,5 por cento nos dois anos seguintes.
Ao longo do horizonte de projeção, as exportações de bens e serviços deverão registar um crescimento superior ao da procura externa, tal como observado nos últimos anos, continuando a ser a componente da procura global com maior contributo para o crescimento da atividade. Ao nível da procura interna, projeta-se uma recomposição caracterizada por uma moderação do consumo privado e uma recuperação da formação bruta de capital fixo (FBCF), em particular da componente empresarial, após uma queda em 2016.
Estes traços são consistentes com um padrão de crescimento mais sustentado, caraterizado pela continuação da reorientação de recursos para setores mais expostos à concorrência internacional e mais produtivos, pela manutenção de um excedente nas contas externas e pelo prosseguimento do processo de redução do endividamento do setor privado não financeiro. A recuperação da atividade será acompanhada por uma continuação da melhoria gradual da situação no mercado de trabalho.
A inflação deverá aumentar ao longo do horizonte de projeção, situando-se em 1,5 por cento em 2019, o que reflete pressões ascendentes sobre os preços, de origem interna e externa.
As atuais projeções apontam para um crescimento do PIB em 2016 ligeiramente superior ao subjacente às projeções do Boletim Económico de outubro (0,1 p.p.). Face às projeções do Boletim Económico de junho de 2016, as projeções para o crescimento do PIB em 2016 e 2017 foram revistas em baixa (0,1 p.p. em 2016 e 0,2 p.p. em 2017), devido a perspetivas de uma evolução mais moderada da procura interna.
Atendendo à persistência de constrangimentos estruturais ao crescimento da economia portuguesa, é crucial que o processo de reformas estruturais seja aprofundado no sentido de aumentar os incentivos à inovação, à mobilidade dos recursos produtivos e ao investimento em capital físico e humano. Adicionalmente, é importante a prossecução de medidas de redução de vulnerabilidades específicas do setor bancário e financeiro. Finalmente, um esforço adicional de consolidação orçamental é crucial para garantir que o nível de endividamento público apresente uma trajetória descendente sustentada e robusta a choques adversos. A natureza temporária do atual conjunto alargado de medidas não convencionais de política monetária na área do euro reforça a urgência e importância de progressos estruturais nestas várias dimensões.
Para enquadrar a recente evolução das taxas de juro, o Boletim Económico inclui um tema em destaque: “Viver abaixo de zero: a transmissão da política monetária com taxas de juro negativas”. O artigo identifica e debate algumas das questões levantadas pelas decisões recentes de política monetária do Banco Central Europeu.
Caixa 1| Hipóteses do exercício de projeção
Caixa 2| Impacto de medidas de incerteza na economia portuguesa