Caríssimos premiados,
Respeitosos pais, familiares e convidados,
Excelentíssimos reitores e vice-reitores,
Minhas senhoras e meus senhores,
Em primeiro lugar, os meus parabéns aos premiados!
É um privilégio reconhecer e premiar nove alunos de excecional desempenho académico. São certamente motivo de orgulho para a família, amigos e as instituições nas quais se formaram. E, claro, para o Banco de Portugal. Arrisco mesmo dizer, para o país.
O Prémio Jacinto Nunes distingue anualmente os alunos com a melhor média final da licenciatura em Economia. Com ele o Banco pretende valorizar o mérito e o desempenho individual dos alunos, naquela que é a principal área de estudos para a missão de um banco central. Mas é também uma forma de distinguir os estabelecimentos de ensino de que fazem parte os selecionados.
Foi em 1987, já lá vão quase 36 anos, que o Banco de Portugal decidiu atribuir pela primeira vez este prémio, então designado “Prémio Banco de Portugal”.
Mais recentemente, em 2016, o prémio foi renomeado em homenagem ao professor Manuel Jacinto Nunes, um dos economistas mais ilustres da segunda metade do século XX em Portugal.
Além de ter sido vice-governador (1960-1974) e governador (1974-75 e 1980-85) nesta “casa”, foi também vice-primeiro ministro e ministro das Finanças no IV Governo Constitucional (1978-79). Europeísta convicto e autor de diversos estudos económico-financeiros, o seu nome está profundamente associado à divulgação dos princípios keynesianos em Portugal.
O professor Manuel Jacinto Nunes foi o responsável, no Ministério da Economia, pelas negociações do Plano Marshall, representante português no Comité de Política Económica da OCDE (1959 a 1965) e participou em negociações importantes para Portugal, como a da adesão ao Fundo Monetário Internacional.
Este prémio deve ser encarado não só como uma forma de reconhecimento do vosso mérito e esforço neste, até aqui, exigente percurso, marcado por uma pandemia, mas deve assinalar, sobretudo, um incentivo. Uma motivação para continuarem a estudar, a investigar, a criar e a partilhar conhecimento. E, porque não, para um dia virem a trabalhar no Banco de Portugal.
No vosso percurso académico e intelectual, num certo momento deixarão de ser alunos, mas nunca deixem de ser estudantes.
A educação é a chave para alcançar o crescimento económico sustentável a longo prazo. O investimento em educação é crítico para o vosso desenvolvimento, mas também para o da economia e da sociedade em que se inserem.
Em resultado do esforço feito nas últimas décadas, são, hoje, mais e de maior qualidade os recursos humanos que as nossas escolas proporcionam ao mercado de trabalho. O Banco de Portugal, ao receber todos anos mais de uma centena desses recursos humanos, testemunha e valoriza esse investimento coletivo.
Hoje, metade dos trabalhadores entre os 25 e os 34 anos tem licenciatura; há 10 anos eram apenas 20%. Hoje, 85% dos nossos jovens saem da escola com pelo menos o ensino secundário; há 20 anos eram pouco mais de 40%.
O aumento da qualidade da oferta de trabalho já se faz sentir na nossa produtividade, nas empresas que atraímos para Portugal e nas que criamos. E isto, sim, representa uma verdadeira alteração estrutural na nossa economia e na nossa sociedade.
A uma maior escolaridade associa-se sempre uma maior exigência, cívica, económica e social. Os economistas referem-se a estes aspetos como “efeitos de equilíbrio geral”. Não devemos deixar que se mitiguem os efeitos positivos por impedimentos nos mecanismos de transmissão: o mercado de trabalho deve funcionar de forma a absorver todos estes novos recursos.
Deixo, finalmente, uma palavra de reconhecimento aos reitores e diretores das escolas de Economia e Gestão, que têm tido um papel importante neste processo. E através deles aos professores que têm contribuído de forma notável para permitir que esta transformação aconteça.
À semelhança das melhores empresas, as instituições de ensino superior internacionalizaram-se e são, hoje, polos de atração de talento e exemplos de posicionamento e diferenciação nos rankings internacionais.
Por último, gostaria de endereçar uma palavra aos familiares dos premiados. Que comemorem este prémio com orgulho e o encarem como a confirmação de que a educação é o caminho certo, o caminho que abre portas para um futuro mais próspero e mais inclusivo.
Mais uma vez, parabéns aos premiados. E, espero, até breve.