
Os efeitos do NGEU na economia portuguesa deverão ser positivos, embora a sua medição seja muito incerta
24.06.2022
O NGEU é um instrumento temporário que financia o Plano de Recuperação da Europa, proposto pela Comissão Europeia em maio de 2020 em resposta ao choque pandémico. As componentes do NGEU que mobilizam mais fundos são o Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR) e, numa menor medida, o REACT-EU (iniciativa de Assistência à Recuperação para a Coesão e os Territórios da Europa). O MRR compreende subvenções não-reembolsáveis e empréstimos, disponibilizados aos Estados-Membros para financiar a implementação dos respetivos Planos de Recuperação e Resiliência (PRR) até 2026. Os PRR incluem investimentos e reformas que visam responder aos constrangimentos estruturais das economias e facilitar a transição climática e a transformação digital. O PRR português tem um custo estimado de 16,4 mil milhões de euros, dos quais 13,9 mil milhões são financiados por subvenções. O recebimento destes montantes é condicional no cumprimento de marcos e metas. O PRR prevê a implementação de 83 projetos de investimento e 32 reformas.
Estima-se que a implementação do NGEU na economia portuguesa contribua para aumentar o nível do PIB em 1,4%, em média, no período 2022-24, sendo a sua taxa de crescimento média anual 0,5 pontos percentuais mais alta do que num cenário de ausência do NGEU. No longo prazo, as estimativas apontam para um aumento do produto potencial em torno de 1%, refletindo, em larga medida, o efeito do estímulo ao investimento público e privado no stock de capital na economia portuguesa. O mercado de trabalho e a produtividade total dos fatores (PTF) também têm contributos positivos, embora de menor magnitude. Contudo, estas estimativas ex ante dos efeitos da execução destes planos estão rodeadas de elevada incerteza.
Para mais detalhes, ver Tema em Destaque “NextGenerationEU em Portugal: oportunidades e desafios“, publicado no Boletim Económico do Banco de Portugal de junho de 2022.
Preparado por Maria M. Campos e Cláudia Duarte. As análises, opiniões e resultados expressos neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem necessariamente com os do Banco de Portugal ou do Eurosistema.
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