Estatísticas das Empresas Não Financeiras da Central de Balanços
O Banco de Portugal inicia este mês a publicação no Boletim Estatístico de novos quadros com indicadores estatísticos sobre um conjunto relevante de empresas não financeiras portuguesas baseados na informação disponível na Central de Balanços. Com a divulgação desta informação estatística, que passa a constituir o novo Capítulo G do Boletim Estatístico (cfr. Anexo - ver documento associado) (1) , o Banco de Portugal pretende contribuir para um melhor conhecimento da situação económica e financeira do sector das sociedades não financeiras em Portugal.
Os novos quadros baseiam-se nas respostas aos inquéritos trimestral e anual às empresas não financeiras, recebidas e tratadas na Central de Balanços do Banco de Portugal. O inquérito trimestral é realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em parceria com o Banco de Portugal. O inquérito anual é realizado pelo Banco de Portugal. Ambos os inquéritos cobrem um conjunto seleccionado de empresas que abrange todas as actividades económicas com excepção das actividades financeiras, administração pública, famílias e organismos extra territoriais (2) . O inquérito anual é mais completo que o inquérito trimestral, quer pelo número de empresas inquiridas, quer pelo número de variáveis consideradas.
A Central de Balanços do Banco de Portugal contribui, com resultados agregados, para duas bases de dados internacionais: BACH – Bank for the Accounts of Companies Harmonised (com informação de 11 países da União Europeia, Estados Unidos da América e Japão) e Referências Sectoriais Europeias (com informação de 8 países da União Europeia). Em termos comparativos a Central de Balanços do Banco de Portugal apresenta um grau de cobertura bastante elevado.
No Boletim Estatístico, os resultados são apresentados sob a forma de taxas de variação homóloga para um conjunto de indicadores relevantes sobre a situação económica e financeira das empresas seleccionadas. As taxas de variação homóloga correspondem a taxas de crescimento nominal e são apuradas com base na informação das empresas da Central de Balanços comuns em dois anos consecutivos, agregada sem qualquer ponderação. A informação de base corresponde a dados de natureza contabilística, não consolidados (i) acumulados no ano até ao período referenciado, no caso das variáveis de fluxo, e (ii) saldos no final do período referenciado, no caso das variáveis de stock . Os apuramentos são efectuados pelo Banco de Portugal segundo uma metodologia específica e depois de efectuados alguns ajustamentos à informação de base, com vista a assegurar simultaneamente a coerência da informação contabilística e a consistência com critérios estatísticos.
Chama-se a atenção para o facto dos indicadores apresentados não deverem ser interpretados como os resultados globais das empresas não financeiras portuguesas, na medida em que não reflectem qualquer extrapolação sobre os dados individuais da Central de Balanços (3). Os apuramentos efectuados com base nas empresas da Central de Balanços reflectem, antes, as estruturas das amostras, as quais não são coincidentes com a do universo das empresas não financeiras portuguesas. Não obstante a dimensão significativa das amostras, as novas séries estatísticas não devem ser analisadas como facultando informação sobre níveis, mas antes indicadores sobre a evolução das empresas consideradas nas referidas amostras. A informação estatística da Central de Balanços permite obter, com antecipação face às estatísticas publicadas sobre o total do sector das sociedades não financeiras (v.g. Contas Nacionais), uma indicação sobre a evolução de um conjunto coerente de indicadores financeiros e de actividade relativos a um número significativo de empresas.
Os resultados apresentados cobrem, nesta primeira edição, os dados anuais de Dezembro de 2001 a Dezembro de 2004 e os dados trimestrais de Dezembro de 2001 a Junho de 2005. A informação será actualizada trimestralmente, devendo ocorrer nas edições do Boletim Estatístico referentes ao quarto mês após o final de cada trimestre.
A informação estatística agora divulgada cobre as seguintes secções: Características da informação da Central de Balanços; Indicadores de actividade; Número de pessoas ao serviço e Remunerações; Activos e Passivos Financeiros; e Rácios. Para alguns indicadores, é disponibilizado detalhe adicional por classes de dimensão das empresas e por principais actividades económicas.
Uma breve análise do conteúdo da informação divulgada, permite salientar os seguintes aspectos:
- O primeiro conjunto de informação, relativo às Características da informação da Central de Balanços, visa contribuir para a melhor compreensão dos resultados apresentados nas secções seguintes. Com base nos indicadores aqui incluídos, é possível, por exemplo, verificar que o número de empresas comuns em dois anos consecutivos é, em média, mais de 15000, para os dados anuais, e cerca de 2500, para os dados trimestrais. Em 2003, as empresas com dados anuais representavam cerca de 4.7 por cento do número total de empresas não financeiras portuguesas, 36.0 por cento do número de pessoas ao serviço e 59.8 por cento do valor acrescentado bruto (VAB) dessas empresas. Os números correspondentes para as empresas com dados trimestrais eram de 0.8 por cento, 23.3 por cento e 44.1 por cento, respectivamente. O Gráfico I ilustra o grau de cobertura das empresas da Central de Balanços por principal actividade económica, com base no indicador “Vendas e Prestações de Serviços”, o qual reflecte, para o total das empresas, um valor muito semelhante ao do VAB.