O Banco Central Europeu concluiu a revisão da sua estratégia de política monetária, após 18 meses de auscultação dos cidadãos, empresas e autoridades europeias e de muita reflexão. O Conselho do BCE, onde tem assento o Governador do Banco de Portugal, acaba de aprovar as novas orientações que serão seguidas nas suas decisões, por exemplo, sobre as taxas de juro que influenciam o custo dos empréstimos contraídos pelos clientes bancários da área do euro.
O objetivo primordial do BCE mantém-se inalterado. As decisões de política monetária pretendem, como até aqui, assegurar a manutenção da estabilidade de preços na área do euro. Mas a estratégia a seguir para cumprir esta missão sofreu algumas alterações:
- Há uma nova meta de inflação. As decisões de política monetária passam a ser tomadas com a intenção de assegurar que a inflação na área do euro se situe em 2% no médio prazo. O BCE encara este objetivo de forma simétrica, o que significa que inflação tanto abaixo como acima da meta de 2% é indesejável. Até aqui, o BCE pretendia que a inflação, medida pelo índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC), se situasse num nível abaixo, mas próximo de 2% no médio prazo.
- O IHPC continua a ser o índice de preços utilizado nas decisões de política monetária. No entanto, o BCE reconhece que a inclusão dos custos da habitação ocupada pelo proprietário no IHCP representaria melhor a taxa de inflação relevante para as famílias. A inclusão destes custos no índice de preços é um projeto de longo prazo, que será de responsabilidade do Eurostat, a autoridade estatística da União Europeia. Entretanto, o BCE usará estimativas iniciais dos custos da habitação ocupada pelo proprietário no seu conjunto alargado de indicadores de inflação.
- As alterações climáticas são incluídas nas avaliações. Sempre que estiver a considerar a tomada de decisões de política monetária, o BCE incluirá os fatores climáticos nesta análise, porque as alterações climáticas têm implicações para a estabilidade de preços. Para o efeito, o BCE apresentou um plano de ação até ao final de 2024 que integrará as alterações climáticas e os seus riscos nas avaliações no quadro de decisão do Eurosistema.
- A comunicação das decisões do BCE é adaptada ao público em geral. O BCE pretende que as suas medidas sejam compreendidas pelo público em geral e, por isso, vai adaptar a comunicação das decisões de política monetária. Há também o compromisso de que os encontros com os cidadãos europeus, lançados nos últimos 18 meses, passem a fazer parte dos instrumentos de comunicação regular do Eurosistema.
Ao mesmo tempo que aprovaram a nova estratégia de política monetária, os Governadores do Eurosistema reafirmaram alguns compromissos:
- O principal instrumento de política monetária é o conjunto das taxas de juro diretoras do BCE. Ou seja, as decisões sobre as taxas de juro serão a principal forma de alcançar o objetivo da estabilidade de preços.
- Sempre que necessário, o BCE recorrerá a outros instrumentos para cumprir a sua missão. Pode, por exemplo, dar indicações sobre a orientação futura da política monetária ou avançar com compras de ativos e operações de refinanciamento de prazo alargado destinadas às instituições financeiras.
- É importante acompanhar a forma como as decisões de política monetária se transmitem à economia para decidir que instrumentos de política monetária usar em cada momento.
- O BCE deve contribuir para que a estabilidade financeira seja assegurada, dado que esta é uma condição prévia para a estabilidade de preços.
Para saber mais sobre a nova estratégia de política monetária do BCE pode consultar a documentação completa sobre o tema. A partir de agora, o Conselho do BCE avaliará de forma regular a adequação da sua estratégia de política monetária. A próxima avaliação está prevista para 2025.