Economia numa imagem

A crise pandémica gerou choques sobre a procura e a oferta com impactos potencialmente opostos sobre a inflação. A redução da interação social, voluntária ou decorrente das medidas de contenção, a par da maior incerteza, implicou uma menor procura de bens e serviços, o que pode ter induzido as empresas a diminuírem os preços. O encerramento obrigatório de algumas atividades e o fecho de fronteiras geraram disrupções nas cadeias de produção e distribuição, que tendem a contrair a oferta e, consequentemente, a aumentar os preços. Os custos de adaptação das empresas ao funcionamento em contexto pandémico também podem ter sido transmitidos aos preços finais.

Para avaliar o impacto relativo destes tipos de choques sobre a inflação da área do euro foi estimado um modelo vectorial autorregressivo Bayesiano (BVAR) com restrições de sinal onde choques de procura e ofertas são identificados com base no seu impacto esperado no PIB e na inflação. Um choque de procura tem um impacto de sinal igual em ambas as variáveis, enquanto o choque de oferta tem impactos de sinais opostos. Os resultados sugerem um impacto dominante dos choques de procura, particularmente no segundo trimestre de 2020, que contribuíram para a redução da inflação na área do euro. No entanto, também foram identificados nesse trimestre impactos significativos (superiores aos registados no passado) dos choques de oferta. 

Para mais detalhes consultar a Caixa 1 “A evolução da inflação e a pandemia: choques de procura versus choques de oferta”, publicada no Boletim económico do Banco de Portugal de maio de 2021.

Preparado por Alexandre Carvalho, Cátia Silva e Sara Serra. As análises, opiniões e resultados expressos neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem necessariamente com as do Banco de Portugal ou do Eurosistema.

Se desejar receber um e-mail quando for publicado um novo “Economia numa imagem” envie o seu pedido para info@bportugal.pt.