Quais são e para que servem os outros instrumentos do BCE?

Que instrumentos utiliza o BCE, além das taxas de juro?
O BCE dispõe de um conjunto de instrumentos para manter os preços estáveis.
Além de fixar o nível das taxas de juro oficiais, o BCE pode usar outros instrumentos de política monetária:
- Comprar ativos financeiros;
- Conceder empréstimos aos bancos em condições favoráveis;
- Dar indicações quanto às suas intenções de política para o futuro.
E pode criar novos instrumentos, se for necessário, para responder a novos desafios (como aconteceu na pandemia de COVID-19).
Porque precisa o BCE de outros instrumentos?
Quando as taxas de juro oficiais se aproximam de 0%, o BCE tem menos margem de manobra para usar este instrumento quando pretende aumentar a inflação. Pode descer as taxas de juro para valores negativos, mas apenas até um certo limite, pois os depositantes levantariam o seu dinheiro dos bancos se as taxas de depósito fossem muito negativas.
Esta é uma das razões porque o BCE recorre a outros instrumentos de política monetária.
Quando as taxas de juro estão próximas desse limite inferior, é preciso usar os outros instrumentos de forma muito vigorosa ou persistente. A intenção é que a inflação não permaneça muito tempo abaixo do objetivo do BCE.
Noutras ocasiões, o BCE pode usar os instrumentos adicionais para que os mercados financeiros funcionem normalmente e a política monetária se transmita a todos aqueles que intervêm na economia, em todos os países da área do euro.

Como escolhe o BCE o instrumento a utilizar?
O BCE escolhe o instrumento mais apropriado para cada situação económica. Também pode optar por uma combinação de instrumentos. Ao decidir, pondera os benefícios de cada instrumento, mas também os efeitos indesejáveis que possa ter.
Os programas do BCE de compra de ativos financeiros, por exemplo de títulos de dívida pública ou privada, permitem apoiar as condições de financiamento de todos os intervenientes na economia, incluindo dos governos. Exemplos destes programas são o programa de compra de ativos (APP), iniciado em 2015, e o programa de compras devido à emergência pandémica (PEPP), criado em 2020.
A concessão de empréstimos aos bancos em condições favoráveis, por exemplo com prazos mais alargados e com taxas de juro atrativas, apoia a concessão de crédito bancário às famílias e às empresas. As operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas (TLTRO), que o BCE tem vindo a fazer desde 2014, são um exemplo deste intrumento.
As indicações do BCE quanto às suas intenções de política para o futuro, em particular quanto às taxas de juro oficiais, ajudam as pessoas a compreender como é que o custo de pedir emprestado deverá evoluir no futuro. Assim, podem levar isso em conta nas decisões que tomam já hoje. Este instrumento foi utilizado pela primeira vez em 2013, quando o BCE disse que esperava que as taxas de juro oficiais se mantivessem iguais ou mais baixas por um período longo.