De acordo com um indicador sintético de incerteza para a economia portuguesa, a incerteza económica registou um aumento expressivo no primeiro trimestre de 2020, embora se situe ainda em níveis inferiores aos máximos observados nas crises anteriores. Este indicador agrega medidas de incerteza de natureza diversa, que se baseiam em indicadores de volatilidade nos mercados financeiros, na recorrência em artigos de jornal de termos relacionados com a incerteza nas políticas económicas e nas respostas aos inquéritos de opinião da Comissão Europeia. Neste último caso, é de referir que os efeitos da pandemia são ainda relativamente limitados. 

O surto do novo coronavírus está a ter um impacto negativo e significativo sobre a atividade económica em Portugal. O aumento da incerteza associado à pandemia constitui um canal adicional de transmissão desse impacto, traduzindo-se num adiamento de despesas de consumo e investimento, num aumento de poupança por motivo de precaução, para além de uma eventual subida de prémios de risco. A evidência aponta para que o efeito de um aumento da incerteza sobre a atividade económica seja significativo e, em particular, duradouro. 

Para mais detalhes ver Manteu e Serra (2017) “Medidas de incerteza e o seu impacto na economia portuguesa” publicado na Revista de Estudos Económicos do Banco de Portugal, vol. III, n.º 2.

Preparado por Sara Serra e Cristina Manteu. As análises, opiniões e resultados expressos neste espaço são da exclusiva responsabilidade das autoras e não coincidem necessariamente com os do Banco de Portugal ou do Eurosistema.

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