Economia numa imagem

O encerramento de empresas pouco produtivas tem contribuído para o crescimento da produtividade em Portugal
20.03.2020

O cálculo da produtividade usando microdados permite identificar o contributo dos diversos tipos de empresas para o crescimento da produtividade agregada. Em cada ano podem ser identificados na economia três tipos de empresas: novas ou entrantes (empresas que iniciam a atividade nesse ano), cessantes (empresas que cessam a atividade) e sobreviventes (empresas que se mantêm em atividade). O crescimento da produtividade pode ser visto como o resultado de ganhos de eficiência nas empresas sobreviventes (efeito intra-empresas) e da reafetação de recursos, quer entre empresas (efeito inter-empresas) quer decorrente da entrada e saída de empresas.
O gráfico mostra a decomposição do crescimento da produtividade nas empresas não financeiras em Portugal, no período 2006-2015, para duas medidas de produtividade habituais: valor acrescentado bruto (VAB) por trabalhador e produtividade total dos fatores (PTF). Embora a importância relativa dos contributos varie com o tipo de medida, verifica-se que a evolução da produtividade foi afetada positivamente pelas saídas e negativamente pelas entradas (especialmente no caso da PTF), refletindo o facto de estes dois tipos de empresas apresentarem, em média, níveis de produtividade mais baixos do que as empresas sobreviventes. Em relação a estas últimas, verifica-se uma contribuição positiva do efeito intra-empresas, mas uma contribuição negativa do efeito inter-empresas. Ou seja, o aumento da produtividade derivado da inovação, da adoção de melhores e mais eficientes tecnologias e de novas práticas de gestão foi parcialmente contrabalançado por uma reafetação de recursos que favoreceu empresas, em média, menos produtivas.
Para mais detalhes ver Daniel A. Dias e Carlos Robalo Marques, “From Micro to Macro: A Note on the Analysis of Aggregate Productivity Dynamics Using Firm-Level Data” Banco de Portugal, WP/201920.
Preparado por Carlos Robalo Marques. As análises, opiniões e resultados expressos neste espaço são da exclusiva responsabilidade do autor e não coincidem necessariamente com os do Banco de Portugal ou do Eurosistema.
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