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Economia numa imagem

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Empréstimos não produtivos (NPL) dos bancos não tiveram impacto significativo na oferta de crédito a empresas entre 2009 e 2018

07.02.2020

Na sequência da crise financeira internacional e da crise da dívida soberana observou-se um aumento pronunciado e generalizado dos empréstimos não produtivos (NPL do termo inglês non-performing loans), com potencial impacto na oferta de crédito bancário e, em última instância, no crescimento económico. Este é um tema relevante em muitos países europeus, incluindo Portugal, onde, em meados de 2016, os NPL representavam quase 18% do total de empréstimos dos bancos (valor máximo registado). 

Com base em informação granular da Central de Responsabilidades de Crédito conclui-se que ao controlar pela procura de crédito e por diversas características dos bancos, não existe evidência que o rácio de NPL dos bancos, por si só, tenha tido impacto na oferta de crédito a empresas entre 2009 e 2018. Por outras palavras, em média, para uma mesma empresa, a diferença na evolução do crédito concedido por dois bancos que diferem apenas no nível do rácio de NPL não é estatisticamente significativa. Este resultado aplica-se aos períodos de crise e pós-crise (2009-2015 e 2016-2018, respetivamente) e a empresas com risco de crédito baixo ou médio, qualquer que seja a sua dimensão. Por seu turno, existe evidência de uma relação positiva, embora com significância estatística reduzida, entre os NPL e o crédito concedido a empresas com risco de crédito elevado. Adicionalmente, no período pós-crise, rácios de NPL mais elevados parecem estar associados a uma menor propensão para iniciar novas relações de crédito com empresas. Outras características dos bancos tiveram impacto sobre a oferta de crédito, em particular as condições de liquidez e o modelo de negócio (captadas pelo peso do financiamento junto do BCE e do crédito às famílias, respetivamente). A posição de capital parece ter sido apenas significativa durante o período de crise. 

 

Para mais detalhes ver Marques, Martinho e Silva (2020) “Empréstimos não produtivos e oferta de crédito: Evidência para Portugal”, publicado na Revista de Estudos Económicos do Banco de Portugal, vol. VI, n.º 1.

Preparado por Carla Marques, Ricardo Martinho e Rui Silva. As análises, opiniões e resultados expressos neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem necessariamente com os do Banco de Portugal ou do Eurosistema.

 

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