Economia numa imagem

A recomposição do emprego tem um papel decisivo na variação agregada dos salários reais
13.12.2019

A evolução agregada dos salários combina a influência dos salários das novas empresas, das empresas que encerram e das que se mantêm em atividade. A decomposição da variação salarial de acordo com a dinâmica de mercado das empresas sugere que, em geral, a variação agregada do salário real é inferior à variação salarial nas empresas que permaneceram no mercado em dois anos seguidos (componente intra-empresarial). Significa isto que a recomposição do emprego (entradas e saídas de empresas) e a mobilidade laboral (entradas e saídas de trabalhadores) têm um impacto negativo no crescimento real dos salários.
A recomposição do emprego tem um papel importante na variação real dos salários. No curto prazo, o contributo das novas empresas para o crescimento real dos salários é negativo, ou seja, o salário real médio nas novas empresas é inferior ao das empresas estabelecidas. Em contraste, o contributo das empresas que saem do mercado é positivo, sugerindo que o salário real médio das empresas que saem do mercado é inferior ao das empresas estabelecidas. Este resultado é consistente com uma reafetação dos recursos a empresas mais produtivas. Finalmente, no período entre 2005 e 2008 as empresas que pagavam salários mais elevados aumentaram as suas quotas de emprego enquanto o oposto aconteceu entre 2013 e 2016 (componente inter-empresarial).
Para mais detalhes, ver Sónia Félix e Pedro Portugal (2019) “Qual é o contributo da dinâmica de mercado das empresas e da mobilidade laboral para a variação dos salários reais?” em O Crescimento Económico Português: Uma Visão Sobre Questões Estruturais, Bloqueios e Reformas, Banco de Portugal.
Preparado por Sónia Félix e Pedro Portugal. As análises, opiniões e resultados expressos neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem necessariamente com os do Banco de Portugal ou do Eurosistema.
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