O saldo migratório tem um contributo volátil para a variação da população, influenciado por razões políticas e económicas. O saldo migratório é positivo desde 2017, tendo atingido em 2021 o valor mais elevado desde 1974-75, com indicadores mais recentes a sugerirem um aumento da imigração. As projeções do cenário central do Eurostat (EUROPOP2023) assumem um saldo migratório positivo entre 2022 e 2100, com um valor médio anual próximo dos 35 mil indivíduos. Após uma redução significativa do fluxo líquido de entradas em 2023, para valores inferiores aos observados nos últimos anos, o Eurostat projeta um aumento dos fluxos para valores médios anuais de 50 mil entradas líquidas no final do horizonte.

Admitindo um saldo migratório positivo em linha com a informação mais recente no início do horizonte, seguido de uma convergência gradual para o cenário central do Eurostat, verifica-se que os aumentos populacionais observados no passado recente persistem durante algum tempo, com um impacto mais imediato na população em idade ativa (20-64 anos). Depois, a evolução negativa do saldo natural volta a dominar a dinâmica populacional. Neste cenário, a população é superior à das projeções centrais do Eurostat ao longo de todo o horizonte. Esta evidência sugere que as políticas migratórias constituem uma dimensão de ajustamento do mercado de trabalho, em particular no curto prazo, minorando a diminuição e envelhecimento da população.

Para mais detalhes consultar o Tema em destaque “Demografia em Portugal: cenários para o século XXI”, do Boletim Económico do Banco de Portugal de junho de 2023.

Preparado por António Antunes, Fátima Cardoso, Vanda Cunha e Cláudia Duarte. As análises, opiniões e resultados expressos neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem necessariamente com os do Banco de Portugal ou do Eurosistema.

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