A análise do ciclo económico revela-se crucial para perceber a forma como as economias evoluem ao longo do tempo e assim informar respostas de política que visem atenuar as flutuações cíclicas. Nas últimas décadas, um dos instrumentos que tem sido proposto para monitorizar a evolução cíclica das economias refere-se ao relógio de ciclo económico. A ideia subjacente é utilizar um conjunto de indicadores económicos e representar a posição da atividade económica ao longo de quatro quadrantes que aludem às fases do ciclo.

Recentemente, Lourenço e Rua (2022) propuseram uma nova abordagem que recorre a estatísticas circulares e que permite sumariar a evolução cíclica de dezenas ou centenas de indicadores. Através de uma leitura no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, onde os 90° (270°) denotam o ponto alto (baixo) do ciclo económico, o relógio de ciclo económico circular sumaria esses sinais potencialmente divergentes numa única direção (seta a vermelho). Para além da dispersão desses sinais ilustrada pelo número de séries em cada barra a azul no histograma circular, são ainda apresentados os intervalos de confiança associados à direção média através de um arco em torno da mesma.

No painel ilustram-se os relógios de ciclo económico no início da pandemia para as maiores economias da área do euro no mês correspondente à cronologia mensal de referência do ciclo económico da OCDE. Os resultados mostram uma evolução sincronizada entre economias dos pontos de viragem na sequência do choque pandémico.

Para mais detalhes, ver Lourenço e Rua (2022), “Business cycle clocks: Time to get circular”, Working Paper No 1, Banco de Portugal.

Preparado por Nuno Lourenço e António Rua. As análises, opiniões e resultados expressos neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem necessariamente com os do Banco de Portugal ou do Eurosistema.

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