O período 2020-21 foi marcado pela crise pandémica. Os confinamentos sucessivos e o distanciamento social limitaram as escolhas possíveis dos agentes económicos. 

A evolução do PIB em 2020 foi muito marcada por perturbações do lado da oferta global, de acordo com estimativas recentes obtidas através de um modelo estocástico de equilíbrio geral. Estas perturbações também afetam a procura devidos aos efeitos no rendimento. A redução correlacionada de todas as componentes da procura agregada, em paralelo com a queda da produção na área do euro, favorece este tipo de choque, que afetam tanto a produção nacional quanto a externa. Ou seja, o modelo identifica uma incapacidade de as empresas a nível mundial produzirem bens durante o primeiro período de confinamento. As perturbações do lado da procura, tanto internas como externas, também apresentaram contribuições importantes para a evolução do PIB. Estes choques espelham a incapacidade dos agentes nacionais e estrangeiros de consumir bens e serviços produzidos em Portugal. 

A volatilidade do PIB ao longo de 2021 dependeu mais acentuadamente de perturbações do lado da procura, num contexto caracterizado por uma recuperação gradual do lado da oferta e por um maior grau de adaptação das empresas à situação pandémica. A maior queda no consumo privado no primeiro trimestre (e subsequente recuperação no segundo trimestre), vis-á-vis outros componentes da procura, e a recuperação mais acentuada das exportações durante o segundo semestre, sugerem impactos sobre a procura específicos a cada setor. 

Para mais detalhes, ver Júlio, P. e J.R. Maria (2022), “Choques pandémicos”, Revista de Estudos Económicos, Banco de Portugal, Vol. VIII, N.º 3, pp 49-71.

Preparado por Paulo Júlio e José R. Maria. As análises, opiniões e resultados expressos neste espaço são da exclusiva responsabilidade das autoras e não coincidem necessariamente com os do Banco de Portugal ou do Eurosistema.

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