Economia numa imagem

O consumo dos indivíduos com maior despesa média foi mais afetado pela pandemia
26.11.2021

A informação detalhada de pagamentos com cartões nacionais confirma que a pandemia constituiu um choque significativo sobre o consumo privado em Portugal, mas com efeitos diferenciados por tipo de bens e serviços adquiridos, grupos de consumo e regiões. Por grupos de consumo, a redução das despesas foi menos pronunciada e a recuperação subsequente mais forte no grupo de consumo médio/reduzido (que agrega os 50% de cartões com menor despesa média a nível nacional nos 12 meses anteriores). Em contraste, o maior impacto negativo da pandemia incidiu no grupo de consumo alto (correspondente aos 25% de cartões com maior despesa média). Tal sugere que o aumento significativo da poupança agregada em 2020 esteve associado a este grupo de consumidores, que tradicionalmente concentra a maior parte da poupança das famílias. O impacto mais limitado no caso do grupo de consumo mais reduzido aponta para a eficácia das medidas de proteção ao rendimento dos agregados familiares mais vulneráveis.
A evolução diferenciada dos pagamentos entre grupos de consumo reflete, em larga medida, a estrutura dos cabazes consumidos, em particular o maior peso dos serviços na despesa do grupo de consumo alto e dos bens alimentares na despesa do grupo de consumo médio/reduzido. As respostas comportamentais reforçaram esses padrões, refletindo provavelmente diferenças na incidência do trabalho remoto e nas necessidades de consumo relacionadas com ajustamentos ao estilo de vida impostos pela pandemia.
Para mais detalhes, ver Cabral, Manteu, Serra e Silva (2021), “As despesas de consumo durante a pandemia COVID-19: uma análise baseada em dados de transações com cartões portugueses”, Revista de Estudos Económicos, Banco de Portugal, Vol. VII – Nº. 4, outubro.
Preparado por Sónia Cabral, Cristina Manteu, Sara Serra e Cátia Silva. As análises, opiniões e resultados expressos neste espaço são da exclusiva responsabilidade das autoras e não coincidem necessariamente com os do Banco de Portugal ou do Eurosistema.
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