Economia numa imagem

De acordo com diferentes abordagens, a política orçamental contribuiu para mitigar a queda do PIB português em 2020
27.08.2021

Os governos afetam a economia através de diversos canais. Esta intervenção abrange tanto os efeitos decorrentes das decisões discricionárias dos governos - sintetizadas como a orientação da política orçamental –, como os associados à reação automática dos agregados orçamentais às flutuações cíclicas, que ocorre independentemente das decisões dos governos - os estabilizadores automáticos.
Os estabilizadores automáticos são habitualmente avaliados através da variação da componente cíclica do saldo orçamental. Quanto à orientação da política, é frequentemente determinada através de uma abordagem “top-down” focada na variação do saldo primário estrutural (ou ajustado do ciclo). Entre outras desvantagens, a sua dependência do hiato do produto levou ao surgimento de alternativas. Estas incluem abordagens narrativas - que avaliam a política orçamental ativa a partir de inventários de medidas - e métodos mistos que combinam elementos das duas abordagens. Braz e Campos (2021) propõem uma abordagem alternativa mista que conduz a resultados robustos em tempos normais.
As três alternativas fornecem resultados muito semelhantes para a orientação da política orçamental em Portugal em 2020 no contexto da pandemia de COVID-19. Ainda assim, tendo em conta as especificidades do ano, pode considerar-se o método “top-down” como o mais apropriado. De acordo com os diferentes métodos, o impacto na atividade económica associado às variações da política orçamental em Portugal em 2020 (discricionárias e automáticas) foi relevante: na sua ausência, o crescimento real do PIB poderia ter diminuído pelo menos cerca de 11% em vez dos 7,6% observados.
Para mais detalhes, ver Braz e Campos (2021), “Desafios na medição de efeitos orçamentais”, Revista de Estudos Económicos, Banco de Portugal, Vol. VII – Nº. 3, Julho.
Preparado por Cláudia Braz e Maria Manuel Campos. As opiniões expressas neste espaço são da exclusiva responsabilidade das autoras e não coincidem necessariamente com as do Banco de Portugal ou do Eurosistema
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