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Nota de Informação Estatística de 20102010b

Estatísticas das empresas não financeiras da Central de Balanços - Outubro de 2010 (1)

A informação recolhida e tratada pela Central de Balanços permite produzir um conjunto de indicadores estatísticos sobre a evolução da actividade e a situação económica e financeira das empresas não financeiras portuguesas ao longo do ano ou em final de ano (consoante se trate de informação trimestral ou anual, respectivamente). A presente edição do Boletim Estatístico publica nova informação para:

  • O ano de 2009, produzida a partir dos dados anuais da Central de Balanços (CBA – Central de Balanços Anual) reportados nas declarações da Informação Empresarial Simplificada (IES) (2)
  • O segundo trimestre de 2010, produzida a partir dos dados trimestrais da Central de Balanços (CBT- Central de Balanços Trimestral) reportados no Inquérito Trimestral às Empresas não Financeiras (ITENF) (3).
Evolução da actividade das empresas não financeiras da Central de Balanços

Os resultados anuais agora divulgados para o ano de 2009 reflectem uma contracção da actividade das empresas não financeiras, reflectida numa variação homóloga do VAB de -2.5%, que compara com 2.6% no ano anterior. Esta diminuição do VAB foi observada na generalidade dos sectores de actividade (vide quadro G.2.5), entre os quais se destaca a Indústria, que apresenta a evolução mais negativa (-8.1%). Os Serviços, que em 2008 sustentaram o crescimento do VAB, apresentam em 2009 um contributo negativo para a sua variação. Por dimensão das empresas, as Pequenas e Médias Empresas (PME) são as que apresentam a taxa de variação homóloga (tvh) do VAB mais negativa (-3.3%) e, dado o seu peso na actividade total, são as que mais contribuem para a diminuição do VAB total das empresas não financeiras.

Quanto ao segundo trimestre de 2010 (4), a informação reportada pelas empresas que colaboraram com o ITENF apresenta uma inversão da tendência apresentada em 2009. O VAB das empresas da CBT registou uma tvh de 2.6%.

Esta recuperação é também visível nas componentes Produção e Consumos Intermédios (vide quadro G.2.1), com tvh no segundo trimestre de 2010 de 8.1% e 10.4%, respectivamente. Ainda que possam reflectir principalmente o comportamento das grandes empresas, cujo peso na amostra em que se baseiam os dados trimestrais tende a ser superior ao do universo, os sinais mais evidentes da recuperação do VAB no segundo trimestre de 2010 emergem da Indústria, enquanto os Serviços, pelo contrário, ainda apresentam uma variação negativa do VAB.

Os prazos médios das empresas da CBA (vide quadros G.5.2 e G.5.3) situaram-se em 74 dias para os recebimentos e 76 dias para os pagamentos, o que representa, para ambos os prazos, um aumento face ao ano anterior. Nas relações com o exterior, destaque para os prazos médios de pagamentos, que se ficaram pelos 59 dias.
 
Os prazos médios das empresas da CBT não apresentam até ao segundo trimestre de 2010 a evolução observada em 2009, sendo que ao nível dos prazos médios de recebimentos se verifica mesmo uma diminuição.

Situação económica e financeira das empresas não financeiras da Central de Balanços

O valor total do balanço das empresas não financeiras da CBA apresentou em 2009 um crescimento homólogo de 2.7% (vide quadro G.4.1), o que representa uma desaceleração face ao ano anterior (tvh de 5.5%). Em relação ao Activo, a desaceleração observou-se nas componentes Outros créditos concedidos (tvh de 2% face a 6.8% em 2008) e Activos não financeiros (tvh de 1.9% face a 8.4% em 2008), sendo parcialmente compensada pela aceleração de Aplicações de curto prazo e Investimentos financeiros.

Quanto ao Passivo, a desaceleração fez-se sentir nos capitais alheios: na Dívida financeira (tvh de 3.2% face a 12.7% em 2008) e nos Outros créditos obtidos (tvh de 3.2% face a 6.1% em 2008).

No final do segundo trimestre de 2010, o valor total do balanço das empresas não financeiras da CBT não reflecte a tendência de desaceleração verificada em 2009, apresentando um crescimento homólogo de 2.7% face a 0.9% no final do quarto trimestre de 2009. As principais alterações estão associadas aos Outros créditos, que cresceram 2.2% no activo e 5.5% no passivo, respectivamente, e aos Activos não financeiros, que apresentaram uma tvh negativa (-1.5%).

De referir, por último, que a Rendibilidade do capital investido (vide quadro G.5.1) apresentou um ligeiro aumento em 2009, cifrando-se em 5.3% (variação de 0.4 p.p. face a 2008). Do mesmo modo, também a Rendibilidade dos capitais próprios, que ascendeu a 4.8% em 2009, apresentou uma variação de 1.8 p.p. face ao ano anterior. Estas evoluções resultaram sobretudo da diminuição do Custo da dívida em 2009 (de 2 p.p. face a 2008, situando-se em 6.4%), com impactos favoráveis na evolução do Resultado líquido do exercício e, simultaneamente, no “efeito alavancagem” utilizado no conceito de Rendibilidade dos capitais próprios (i.e., o efeito do recurso ao endividamento na rendibilidade apercebida pelos investidores). Na primeira metade do ano de 2010, a evolução favorável das rendibilidades mantém-se, passando a estar também associada à melhor performance operacional das empresas não financeiras.

Nota elaborada com a informação disponível até 30 de Setembro de 2010 

Lisboa, 20 de Outubro de 2010

(1) Na edição de Outubro de 2010 incluem-se algumas alterações ao Capítulo G, as quais estão reflectidas na Nota de abertura do Boletim Estatístico. 
(2) As estatísticas anuais baseiam-se, desde 2006, na informação reportada no âmbito da IES e compreendem as empresas não financeiras comuns em dois anos consecutivos. Os dados de 2009 agora divulgados compreendem mais de 320 mil empresas. 
(3) A informação que serviu de base é a que foi reportada para os quatro trimestres de 2009 e para os dois primeiros trimestres de 2010, por quase 2 mil empresas, no âmbito do ITENF. 
(4) As estatísticas trimestrais correspondem, no domínio dos indicadores de actividade, aos resultados acumulados desde o início do ano até ao trimestre de referência.