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Nota de Informação Estatística – Atividade nos mercados de câmbios e de produtos derivados – abril de 2019

O Banco de Portugal publica hoje, nos quadros, os resultados do Inquérito Trienal à Atividade nos Mercados de Câmbios e de Produtos Derivados de 20191. Este inquérito foi coordenado pelo Banco de Pagamentos Internacionais (BIS) e contou com a participação de vários bancos centrais, de entre os quais o Banco de Portugal, e de outras autoridades, abrangendo 53 jurisdições.

Tal como nas edições anteriores, o inquérito incidiu apenas sobre as operações transacionadas em balcão no mercado de câmbios (spot, outright forwards, foreign exchange swaps, currency swaps, opções over-the-counter – OTC e outros instrumentos relacionados) e no mercado de derivados sobre taxas de juro (forward rate agreements – FRA, swaps, opções OTC e outros instrumentos relacionados).

Em Portugal, o inquérito incorporou a resposta de 50 bancos; os quatro maiores representavam cerca de 75% da atividade nestes mercados.

Apresentam-se, seguidamente, os principais resultados, expressos em dólares dos Estados Unidos (USD), a divisa de referência estabelecida pelo BIS. Os resultados correspondem aos valores diários médios transacionados no mês de abril para os anos referenciados.

 

Mercado de câmbios

Em abril de 2019, o valor de transações diárias no mercado de câmbios mundial cifrou-se em 6590 mil milhões de dólares, o que representa um aumento de 30% relativamente aos 5066 mil milhões de dólares registados em igual período de 20162 (Gráfico 1).

Em sentido contrário, em Portugal verificou-se, pelo segundo triénio consecutivo, a contração no mercado de câmbios: em abril de 2019, o valor médio de transações diárias totalizou 1668 milhões de dólares, menos 26% do que em abril de 2016. Neste segundo triénio, a contração deveu-se essencialmente a dois fatores; i) cerca de metade dos bancos portugueses reduziram a sua atividade no mercado de câmbios face a abril de 2016; e, ii) a atividade dos bancos portugueses em abril de 2019 foi abaixo do normal.

Por instrumento, o aumento das transações no mercado de câmbios mundial é transversal a todo o tipo de operações mas, em especial, nas operações spot, foreign exchange swaps (FX swaps) e outright forwards. Os FX swaps continuaram a ser o produto mais transacionado a nível mundial, representando 49% do valor diário médio transacionado em abril de 2019 (47% em abril de 2016). 

Em Portugal, as transações diminuíram em todos os instrumentos, com exceção dos currency swaps que virtualmente não se alteraram. À semelhança do que acontece no mercado de câmbios mundial, os FX swaps foram também o produto mais negociado, representando 67% do valor diário médio das transações em abril 2019 (igual a abril de 2016).

Por localização geográfica, o Reino Unido continuou a liderar em valor de transações diárias (3576 mil milhões de dólares), seguido pelos Estados Unidos da América (1370 mil milhões de dólares). Estes dois países concentraram, em abril de 2019, cerca de 60% do valor diário médio transacionado no mercado de câmbios mundial (56% em abril de 2016). Destaca-se o aumento substancial do Reino Unido face a abril de 2016 (6 pp).

Entre abril de 2016 e abril de 2019, o peso do conjunto dos países que compõem a área do euro3 decresceu no total das transações mundiais de 8% para 7%.

Por moeda, em abril de 2019, quer a nível mundial quer em Portugal, o dólar dos Estados Unidos continuou a ser a moeda mais negociada4, correspondendo a 88% e a 91% do total das transações nestes mercados, respetivamente (Gráfico 2). O euro e o iene mantiveram-se como a segunda e a terceira moeda mais relevantes a nível mundial, embora, face a abril de 2016, o euro tenha tido um aumento marginal (0,9 pp) por oposição ao iene cuja importância diminuiu 4,8 pp.

Em Portugal, o euro manteve-se como a segunda moeda mais transacionada, ao ser usada em 78% das transações, com o seu peso relativo a aumentar 12 pp em relação a abril de 2016. A utilização do iene apresentou o valor mais baixo, em termos relativos, desde abril de 2004.

 

Gráfico 1 - Mercado de câmbios, por instrumento (transações diárias médias em abril)

Fontes: BIS e Banco de Portugal.

 

Gráfico 2 - Mercado de câmbios, por moeda (transações diárias médias em abril)

Fontes: BIS e Banco de Portugal.

 

Mercado de derivados sobre taxas de juro 

Em abril de 2019, no mercado mundial de derivados sobre taxas de juro, foram transacionados diariamente, em média, 6501 mil milhões de dólares. Por comparação com abril de 2016 verificou-se um aumento de 143% da atividade neste mercado (3824 mil milhões de dólares).

Em Portugal registou-se, no entanto, uma diminuição de 32%, com transações médias diárias de 170 milhões de dólares (249 milhões de dólares em abril de 2016). 

Por instrumento, os swaps mantêm-se como os preferidos a nível mundial seguidos pelos forward rate agreements, respetivamente com 64% e 29% do valor diário médio de transações (Gráfico 3).

Em Portugal, apesar de as transações diárias médias dos swaps terem diminuído em relação a abril de 2016, o peso relativo deste instrumento aumentou, substancialmente (13 pp, para 93%), pelo segundo triénio consecutivo, o que é essencialmente explicado pela redução de atividade dos forward rate agreements.

Por localização geográfica, em abril de 2019, o Reino Unido e os Estados Unidos da América continuavam a ser responsáveis pela maioria das transações mundiais, representando cerca de 82% das médias diárias (3670 e 2356 mil milhões de dólares, respetivamente). Contudo, confrontando com abril de 2016, verificou-se uma alteração na posição relativa destes países: o peso do Reino Unido aumentou 11 pp e o dos Estados Unidos da América diminuiu 9 pp. 

No conjunto dos Estados-Membros da área do euro, as transações diárias médias totalizaram 256 mil milhões de dólares em abril de 2019. A importância relativa deste agregado diminuiu de 8% em 2016 para 4% em 2019.

Por moeda, a nível mundial, em abril de 2019, o dólar dos Estados Unidos manteve-se a moeda mais transacionada em operações de derivados sobre taxas de juro (Gráfico 4). 

Em Portugal, o valor das operações de derivados de taxas de juro denominadas em euros teve um peso relativo de cerca de 87%. O peso das transações envolvendo taxas de juro relativas a dólares dos Estados Unidos (12%) registou um aumento de 9 pp em relação a abril de 2016.

 

Gráfico 3 - Mercado de derivados sobre taxas de juro, por instrumento (transações diárias médias em abril)

Fontes: BIS e Banco de Portugal.

 

 

Gráfico 4 - Mercado de derivados sobre taxas de juro, por moeda (transações diárias médias em abril)

Fontes: BIS e Banco de Portugal.

 

Próxima atualização (a ser confirmada): 2022


Notas

1 O inquérito inclui informação referente a 2019: i) transações efetuadas em abril; e, ii) posições em junho. As transações apresentam-se numa ótica não consolidada e independentemente do derivado financeiro ter sido exercido neste período.

2 Para efeitos de comparação entre Portugal e o resto do mundo, todas as análises, com exceção do confronto por localização geográfica, consideram valores brutos dos montantes nominais ou nocionais das transações contratadas durante o mês de abril, corrigidos da duplicação resultante das transações efetuadas no mercado interbancário doméstico (net-net).

3 O agregado área do euro, construído por cálculos do Banco de Portugal, não inclui os dados de Malta, do Chipre, da Estónia e da Eslovénia, uma vez que essa informação não se encontra disponível.

4 No mercado de câmbios, dado que cada operação envolve duas divisas, a desagregação por moedas totaliza 200% das transações.