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Nota de Informação Estatística - Análise setorial do alojamento, restauração e similares 2017
O Banco de Portugal atualiza hoje o Estudo da Central de Balanços | 5 – Análise Setorial do Alojamento, Restauração e Similares, com informação sobre a situação económica e financeira das empresas do alojamento, restauração e similares1,2 em 2017.
Esta informação é complementada com dados relativos ao primeiro semestre de 2018 sobre os empréstimos concedidos pelo setor financeiro residente.
Os resultados são apresentados por referência às classes de dimensão – microempresas, pequenas e médias empresas e grandes empresas – e segmentos de atividade económica (“alojamento” e “restauração e similares”), e comparados com os resultados do total das empresas.
Este estudo foi publicado pela primeira vez em 2011, com dados relativos ao período 2006-2011, e atualizado posteriormente com dados relativos a 2015.
Estrutura e demografia
Alojamento e microempresas impulsionaram o crescimento do número de empresas do setor
Em 2017, o setor do alojamento, restauração e similares representava 10% das empresas em Portugal (42 mil empresas), 9% das pessoas ao serviço (255 mil pessoas) e 3% do volume de negócios (12 mil milhões de euros). O número de empresas em atividade no setor aumentou 3,5% face a 2016; este aumento foi superior ao registado para o total das empresas (1,7%). Entre 2016 e 2017, o peso do setor no total das empresas aumentou 0,2 pp, tendo em conta o número de empresas, o volume de negócios e o número de pessoas ao serviço.

Em 2017 foram criadas 1,4 empresas neste setor por cada uma que encerrou atividade (Gráfico 1). Este valor foi superior ao observado para o total das empresas (rácio natalidade/mortalidade de 1,3 em 2017). O crescimento do número de empresas em atividade no setor esteve associado ao aumento do número de microempresas (rácio natalidade/mortalidade de 1,4 em 2017) e de empresas ligadas ao alojamento (rácio natalidade/mortalidade de 4,2, que compara com 1,1 na restauração e similares).

Em 2017, 88% das empresas do setor eram microempresas, valor semelhante ao registado no total das empresas (Gráfico 2). As microempresas geraram 29% do volume de negócios e agregavam 35% das pessoas ao serviço do setor em 2017 (16% e 26%, respetivamente, no total das empresas). As pequenas e médias empresas agregavam a maior parcela do volume de negócios (53%) e das pessoas ao serviço (49%), valores superiores aos registados para o total das empresas (43% e 45%, respetivamente).

A restauração e similares representava 79% das empresas, 62% do volume de negócios e 73% do número de pessoas ao serviço do setor (Gráfico 3). Entre 2016 e 2017, e à semelhança de anos anteriores, o peso do alojamento no setor aumentou: 2,2 pp no número de empresas e 0,3 pp no volume de negócios e nas pessoas ao serviço.
A área metropolitana de Lisboa agregava 45% do volume de negócios do setor, seguida das regiões Norte e Algarve (20% e 13%, respetivamente). Algarve e Região Autónoma da Madeira eram as regiões onde o setor assumia maior relevância, ao representar 20% e 11%, respetivamente, do volume de negócios das empresas aí sediadas.

Atividade e rendibilidade
O volume de negócios e o EBITDA aumentaram em 2017 em todas as classes de dimensão e segmentos de atividade
O volume de negócios do setor do alojamento, restauração e similares aumentou 16% em 2017, valor semelhante ao registado em 2016 e superior, em ambos os anos, ao aferido para o total das empresas (9% e 2%, respetivamente). O aumento do volume de negócios foi transversal a todas as classes de dimensão: 22% nas grandes empresas, 16% nas pequenas e médias empresas e 12% nas microempresas. Este aumento foi também registado no alojamento (17%) e na restauração e similares (15%), tendo este último segmento contribuído em 10 pp para a subida registada no setor (Gráfico 4).
Os gastos da atividade operacional do setor em análise aumentaram 13% em 2017 (9% no total das empresas), com as várias componentes a registarem subidas em torno deste valor. O custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas era a componente mais relevante dos gastos da atividade operacional do setor (37%), seguindo-se os fornecimentos e serviços externos (33%). No alojamento predominavam os fornecimentos e serviços externos (52% dos gastos da atividade operacional), enquanto na restauração e similares predominava o custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas (47% dos gastos da atividade operacional). O peso dos gastos com o pessoal era semelhante em ambos os segmentos de atividade, representando cerca de 30% dos gastos da atividade operacional.

As evoluções do volume de negócios e dos gastos da atividade operacional determinaram que o EBITDA do setor tenha aumentado 45% em 2017, para 1,8 mil milhões de euros (15% no total das empresas) (Gráfico 5). Cerca de metade deste aumento teve origem nas pequenas e médias empresas, para as quais o EBITDA subiu 33% (aumento de 300 milhões de euros). O EBITDA cresceu 48% na restauração e similares e 44% no alojamento, tendo sido este último segmento o que mais contribuiu para a subida do setor (31 pp).

Rendibilidade dos capitais próprios aumentou mais na restauração e similares
A rendibilidade dos capitais próprios do setor situou-se em 9% em 2017, valor marginalmente superior ao registado no total das empresas (Gráfico 6). A rendibilidade do setor aumentou 7 pp face a 2016, em virtude do aumento da rendibilidade do segmento restauração e similares para 26%, 15 pp acima do registado em 2016. No alojamento, a rendibilidade cresceu 5 pp, para 7%.

A margem operacional (EBITDA/rendimentos) do setor ascendeu a 15% em 2017, 3 pp superior à registada em 2016 e 4 pp acima da verificada para o total das empresas (Gráfico 7). Esta margem era menor nas microempresas (7%, que compara com 18% nas restantes classes de dimensão) e na restauração e similares (7%, por comparação com 26% no alojamento). Em 2017, o setor registou uma margem líquida (resultado líquido do período/rendimentos) de 5%, superior à registada no total das empresas (4%). A margem líquida das microempresas do setor era negativa (-3%, por comparação com 7% nas pequenas e médias empresas e 11% nas grandes empresas). Por segmentos de atividade, a margem líquida da restauração e similares foi de 2% em 2017, valor que compara com 9% no alojamento.

Situação financeira
Rácio de autonomia financeira e dívida remunerada cresceram em 2017
O rácio de autonomia financeira do alojamento, restauração e similares aumentou 2 pp entre 2016 e 2017, para 29%, mantendo-se 4 pp abaixo do valor do total das empresas no mesmo período (Gráfico 8). O rácio de autonomia financeira era inferior na restauração e similares (14%), ainda que tenha sido neste segmento que a autonomia financeira mais aumentou (5 pp, por comparação com um aumento de 1 pp registado no alojamento).

O passivo do setor aumentou 4% em 2017 (2% no total das empresas) (Gráfico 9). A dívida remunerada, que agrega os títulos de dívida, empréstimos bancários, financiamentos de empresas do grupo e outros financiamentos obtidos, contribuiu em 2,4 pp para o aumento do passivo do setor. Neste aumento, destaca-se o incremento dos financiamentos de empresas do grupo (6%).

A dívida remunerada representava 60% do passivo do setor em 2017, um peso 6 pp superior ao observado no total das empresas (Gráfico 10). Os empréstimos bancários representavam 30% do passivo do setor, sendo particularmente relevantes para o alojamento (33% do passivo do segmento, valor que compara com 19% na restauração e similares) e para as pequenas e médias empresas (42% do passivo, por comparação com 19% nas microempresas e 26% nas grandes empresas).
A dívida comercial representava 7% do passivo do setor do alojamento, restauração e similares (16% no total das empresas). Em contraste com o verificado na maioria dos setores de atividade económica, o financiamento líquido por dívida comercial era positivo neste setor, sendo o diferencial entre os saldos de fornecedores e de clientes equivalente a 6% do volume de negócios do setor (contrastando com -3% registados pelo total das empresas). Todas as classes de dimensão e segmentos de atividade económica observaram valores positivos para este indicador em 2017.
Pressão financeira e rácio de crédito vencido do setor diminuíram em 2017
Os gastos de financiamento do setor do alojamento, restauração e similares diminuíram 4% em 2017, redução inferior à observada para o total das empresas (6%). Esta redução foi mais acentuada nas pequenas e médias empresas (7%) tendo as grandes empresas do setor registado um aumento de 6% nos gastos de financiamento. Por segmentos de atividade, a redução dos gastos de financiamento foi mais significativa no alojamento (4%) do que na restauração e similares (3%).

O aumento do EBITDA conjugado com a diminuição dos gastos de financiamento resultou na diminuição da pressão financeira do setor do alojamento, restauração e similares. Em 2017, 16% do EBITDA do setor foi consumido por gastos de financiamento, valor similar ao registado para o total das empresas (Gráfico 11). A pressão financeira diminuiu 8 pp em relação a 2016 (4 pp no total das empresas), tendo a redução deste indicador sido maior no alojamento (10 pp, para 20% em 2017) do que na restauração e similares (4 pp, para 7% em 2017). A redução da pressão financeira foi ainda transversal às diferentes classes de dimensão, com destaque para as microempresas, que registaram em 2017, pela primeira vez na série de dados disponível, um EBITDA superior aos gastos de financiamento.

A informação da Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal evidencia que o setor do alojamento, restauração e similares agregava, no final do primeiro semestre de 2018, 7% do montante de crédito obtido pelas empresas não financeiras junto do setor financeiro residente, tendo este valor aumentado face ao final de 2016 (6%).
No final do primeiro semestre de 2018, encontrava-se em incumprimento 9% do crédito concedido ao setor, valor inferior ao registado no total das empresas (13%) (Gráfico 12). O rácio de crédito vencido do setor diminuiu 1 pp comparativamente com o registado no final de 2016, redução inferior à registada no total das empresas (3 pp). A diminuição do rácio de crédito vencido do setor deveu-se ao decréscimo deste indicador na restauração e similares. No final do primeiro semestre de 2018 encontrava-se em incumprimento 10% do crédito dirigido a este segmento, valor inferior em 5 pp ao registado no final de 2016, mas superior ao observado no alojamento (8% no final do primeiro semestre de 2018).
Notas
1 Na área “Empresas” do site do Banco de Portugal, cada empresa pode, de forma instantânea e gratuita, obter o seu Quadro da Empresa e do Setor. Esta informação permite à empresa comparar a sua situação económica e financeira com a das restantes empresas do mesmo setor de atividade e classe de dimensão, atendendo a um vasto conjunto indicadores. No site do Banco de Portugal é ainda possível a qualquer utilizador aceder aos Quadros do Setor, os quais possibilitam a obtenção de informação agregada para o mesmo conjunto de indicadores relativamente a qualquer setor de atividade e classe de dimensão.
2 Para efeitos desta análise, o setor do alojamento, restauração e similares compreende as Divisões 55 (Alojamento) e 56 (Restauração e similares) da CAE-Rev.3, atividades económicas inseridas no âmbito da Secção I – Alojamento, restauração e similares.