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Nota de Informação Estatística - Análise setorial da indústria metalomecânica 2017

O Banco de Portugal atualiza hoje o Estudo da Central de Balanços | 20 – Análise setorial da indústria metalomecânica, com informação sobre a situação económica e financeira das empresas deste setor1,2 em 2017.

Esta informação é complementada com dados relativos ao final de 2018 sobre os empréstimos concedidos pelo setor financeiro residente.

Os resultados são apresentados por referência às classes de dimensão – microempresas, pequenas e médias empresas e grandes empresas – e segmentos de atividade económica (“metalúrgicas de base”, “produtos metálicos e elétricos” e “equipamentos de transporte”), e comparados com os resultados do total das empresas3

Este Estudo foi publicado pela primeira vez em 2015, com dados relativos ao período 2009-2013, e atualizado posteriormente com dados relativos a 2015.

Estrutura e demografia

As grandes empresas representavam 1% das empresas da indústria metalomecânica e eram responsáveis por 56% do volume de negócios do setor. O segmento dos produtos metálicos e elétricos era o mais relevante

Em 2017, a indústria metalomecânica compreendia 2% das empresas em Portugal (10 mil empresas), 6% das pessoas ao serviço (175 mil pessoas) e 7% do volume de negócios (25 mil milhões de euros). O número de empresas em atividade no setor aumentou 0,1% em relação a 2016, aumento inferior ao registado para o total das empresas (1,7%). Entre 2016 e 2017, o peso do setor no total das empresas não se alterou em termos do número de empresas, mas aumentou 0,4 pp e 0,1 pp, respetivamente, em termos do volume de negócios e do número de pessoas ao serviço.

 

 

Em 2017 o setor registou um rácio natalidade/mortalidade de 1, valor inferior ao observado para o total das empresas (rácio natalidade/mortalidade de 1,3 em 2017) (Gráfico 1). Por classes de dimensão, as microempresas registaram um rácio natalidade/mortalidade igual à unidade, valor superior aos 0,3 verificados nas pequenas e médias empresas. Por segmentos de atividade económica, apenas os equipamentos de transporte registaram um rácio natalidade/mortalidade superior a 1 (1,7, que compara com 0,9 nos produtos metálicos e elétricos e 0,5 nas metalúrgicas de base).

 

 

Em 2017, 72% das empresas do setor eram microempresas, proporção inferior à registada no total das empresas (89%) (Gráfico 2). As pequenas e médias empresas (27% das empresas do setor, que compara com 11% no total das empresas) eram responsáveis por 40% do volume de negócios (43% no total das empresas) e por 56% das pessoas ao serviço (45% no total das empresas). As grandes empresas (1% das empresas do setor) agregavam 56% do volume de negócios e 32% das pessoas ao serviço da indústria metalomecânica (42% e 29% no total das empresas, respetivamente). As grandes empresas assumiam particular importância no segmento dos equipamentos de transporte: 80% do volume de negócios e 68% das pessoas ao serviço.

 

 

O segmento dos produtos metálicos e elétricos era o mais relevante ao representar 90% das empresas, 71% das pessoas ao serviço e 50% do volume de negócios da indústria metalomecânica (Gráfico 3). Os equipamentos de transporte (7% das empresas do setor) agregavam 38% do volume de negócios do setor e 24% das pessoas ao serviço; o peso deste segmento aumentou, entre 2016 e 2017, em detrimento dos produtos metálicos e elétricos.

 

As regiões Norte e Centro agregavam, em conjunto, 76% das empresas, 70% do volume de negócios e 79% das pessoas ao serviço do setor (42 pp, 43 pp e 47 pp associados à região Norte, respetivamente). Nestas regiões, a indústria metalomecânica representava 11% e 12%, respetivamente, do volume de negócios das empresas aí sediadas.

Atividade e rendibilidade

O volume de negócios do setor aumentou 16% em 2017. 61% do volume de negócios tinha origem no mercado externo. O setor exportador era responsável por 82% do volume de negócios da indústria metalomecânica

O volume de negócios da indústria metalomecânica aumentou 16% em 2017, variação superior à registada em 2016 (1%) e à observada, em 2017, para o total das empresas (9%).

Por classes de dimensão, o aumento do volume de negócios do setor foi determinado em grande medida pelo contributo das grandes empresas (12 pp, associados a um crescimento de 22%). As pequenas e médias empresas e as microempresas registaram aumentos do volume de negócios de 8% e 7%, respetivamente (contributos para a variação do setor de 3 pp e 0,4 pp, respetivamente). O crescimento do volume de negócios foi também registado em todos os segmentos de atividade: os equipamentos de transporte e os produtos metálicos e elétricos registaram variações de 23% e 9%, respetivamente, face a 2016, e contribuíram em 8 pp e 5 pp, respetivamente, para o aumento do volume de negócios do setor (Gráfico 4). 

Em 2017, 61% do volume de negócios da indústria metalomecânica teve origem no mercado externo, parcela similar à registada em 2016. O mercado externo contribuiu em 9 pp para o crescimento do volume de negócios do setor em 2017. Por classes de dimensão, destacava-se o contributo do mercado externo para o crescimento do volume de negócios das grandes empresas (15 pp, que compara com 2 pp nas pequenas e médias empresas e 1 pp nas microempresas). O mercado externo impulsionou o crescimento do volume de negócios de todos os segmentos de atividade e contribuiu em 16 pp para o aumento do volume de negócios dos equipamentos de transporte, em 7 pp para as metalúrgicas de base e em 5 pp para os produtos metálicos e elétricos.

Integravam o setor exportador4, em 2017, 19% das empresas da indústria metalomecânica (6% no total das empresas). Este setor era responsável por 82% do volume de negócios e por 67% das pessoas ao serviço da indústria metalomecânica. O setor exportador era mais relevante nas metalúrgicas de base e nos equipamentos de transporte (34% e 31% das empresas, respetivamente, representativas de 91% e 89% do volume de negócios de cada um dos segmentos).

Os gastos da atividade operacional da indústria metalomecânica aumentaram 16% em 2017 (9% no total das empresas), evolução associada, em particular, ao aumento do custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas (19%; contributo de 12 pp para a variação dos gastos da atividade operacional do setor). Esta componente representava 65% dos gastos da atividade operacional da indústria metalomecânica e era, também, a componente mais expressiva destes gastos nos segmentos que compõem o setor. Os fornecimentos e serviços externos eram mais significativos nos produtos metálicos e elétricos (23% dos respetivos gastos da atividade operacional), segmento em que o custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas registava menor peso (54%).

 

 

As evoluções do volume de negócios e dos gastos da atividade operacional determinaram um aumento de 18% do EBITDA da indústria metalomecânica em 2017 (15% no total das empresas) (Gráfico 5). Para este aumento contribuíram em 12 pp as grandes empresas e em 6 pp as pequenas e médias empresas (contributos associados a variações positivas dos respetivos EBITDA de 24% e 14%, respetivamente). O EBITDA das metalúrgicas de base aumentou 48% (contributo de 5 pp para a variação do setor, ainda que esta variação tenha estado concentrada num número relativamente reduzido de empresas do segmento), enquanto nos produtos metálicos e elétricos e nos equipamentos de transporte esta rubrica aumentou 14% e 18%, respetivamente (contributos de 9 pp e 5 pp para a variação do EBITDA do setor).

 

 

A rendibilidade dos capitais próprios aumentou em 2017, em particular nas metalúrgicas de base

Em 2017, a rendibilidade dos capitais próprios da indústria metalomecânica foi de 11%, valor 2 pp superior ao registado em 2016 e ao observado no total das empresas em 2017 (Gráfico 6). Nas metalúrgicas de base, a rendibilidade aumentou 5 pp, para 15%. Os equipamentos de transporte e os produtos metálicos e elétricos também registaram variações positivas das respetivas rendibilidades (3 pp e 1 pp, para 15% e 9%, respetivamente).

 

 

A margem operacional (EBITDA/rendimentos) do setor foi de 9% em 2017, valor similar ao registado em 2016 e 2 pp inferior ao do total das empresas (Gráfico 7). A margem líquida ascendeu a 4%, valor semelhante ao registado no setor em 2016 e no total das empresas em 2017. Os equipamentos de transporte apresentavam as margens mais reduzidas: margem operacional de 6% (11% nos produtos metálicos e elétricos e 10% nas metalúrgicas de base) e margem líquida de 3% (4% nos produtos metálicos e elétricos e 5% nas metalúrgicas de base).

 

 

Situação financeira

Rácio de autonomia financeira foi superior ao registado no total das empresas. Os empréstimos bancários foram menos relevantes nos equipamentos de transporte

Em 2017, o rácio de autonomia financeira da indústria metalomecânica foi de 42%, valor similar ao observado em 2016 e superior em 9 pp ao registado no total das empresas em 2017 (Gráfico 8). Este rácio era mais elevado nas metalúrgicas de base (50%) e nos produtos metálicos e elétricos (44%), quando comparado com o registado no total do setor.

 

O passivo do setor aumentou 10% em 2017 (aumento de 2% no total das empresas) (Gráfico 9). A dívida remunerada, que agrega os títulos de dívida, os empréstimos bancários, os financiamentos de empresas do grupo e os outros financiamentos obtidos, contribuiu em 5 pp para o aumento do passivo do setor. É de destacar o contributo dos financiamentos de empresas do grupo (2 pp, associados a um aumento de 23% em relação a 2016). Também a dívida comercial contribuiu de forma assinalável para a variação do passivo do setor: 4 pp, associados a um crescimento de 13% face a 2016.

 

A dívida remunerada representava 41% do passivo do setor em 2017, menos 13 pp do que no total das empresas (Gráfico 10). Os empréstimos bancários representavam 23% do passivo do setor (22% no total das empresas). Esta componente era mais significativa para as pequenas e médias empresas (33% do passivo, por comparação com 19% nas microempresas e 12% nas grandes empresas) e para as metalúrgicas de base (32% do passivo, valor acima dos 28% registados nos produtos metálicos e elétricos e dos 13% nos equipamentos de transporte). Os financiamentos de empresas do grupo (10% do passivo do setor) eram mais relevantes nas grandes empresas (16% do respetivo passivo) e nos equipamentos de transporte (20% do passivo do segmento).

A dívida comercial representava 34% do passivo da indústria metalomecânica (16% no total das empresas). O financiamento líquido por dívida comercial era, tal como verificado na maioria dos setores de atividade e no total das empresas, negativo. O diferencial entre os saldos de fornecedores e de clientes era equivalente a 3% do volume de negócios do setor, valor similar ao registado no total das empresas. Apenas as grandes empresas e os equipamentos de transporte registaram valores positivos para este indicador em 2017 (equivalentes, respetivamente, a 1% e 4% dos seus volumes de negócios).

Pressão financeira e rácio de crédito vencido do setor diminuíram em 2017

Os gastos de financiamento da indústria metalomecânica diminuíram 2% em 2017, redução inferior à registada no total das empresas (6%). Esta diminuição resultou de diferentes evoluções por classes de dimensão e segmentos de atividade que se compensaram entre si. Os gastos de financiamento das microempresas e das pequenas e médias empresas diminuíram (9% e 5%, respetivamente), enquanto as grandes empresas registaram um aumento dos mesmos (5%). Os gastos de financiamento também aumentaram nas metalúrgicas de base (13%, aumento associado a um crescimento da dívida remunerada de 18%), mas diminuíram nos restantes segmentos (-1% nos produtos elétricos e metálicos e -7% nos equipamentos de transporte).

 

 

Em 2017, o aumento do EBITDA conjugado com a diminuição dos gastos de financiamento determinou uma redução da pressão financeira do setor em 2 pp (4 pp no total das empresas). Os gastos de financiamento consumiram 8% do EBITDA do setor, valor 9 pp inferior ao registado para o total das empresas (Gráfico 11). A redução da pressão financeira foi transversal a todas as classes de dimensão e segmentos de atividade. A pressão financeira era decrescente com a dimensão das empresas, tendo-se situado, em 2017, em 14% nas microempresas, 9% nas pequenas e médias empresas e 6% nas grandes empresas. Por segmentos de atividade, a pressão financeira diminuiu 2 pp nas metalúrgicas de base e nos equipamentos de transporte, e 1 pp nos produtos elétricos e metálicos, segmento que continuou a registar o nível de pressão financeira mais elevado (9%, valor acima dos 6% registados nos equipamentos de transporte e dos 5% nas metalúrgicas de base).

 

Segundo a informação da Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal, a indústria metalomecânica agregava, no final de 2018, 4,5% do montante de crédito obtido pelas empresas não financeiras junto do setor financeiro residente, mais 0,1 pp do que no final de 2017. 

No final de 2018, encontrava-se em incumprimento 5,9% do crédito concedido ao setor, valor inferior ao registado no total das empresas (9,4%) (Gráfico 12). O rácio de crédito vencido do setor diminuiu 3 pp face ao registado no final de 2017, redução inferior à registada no total das empresas (4 pp). A descida do rácio de crédito vencido do setor foi transversal a todos os segmentos (4 pp nos produtos metálicos e elétricos, 3 pp nas metalúrgicas de base e 1 pp nos equipamentos de transporte). No final de 2018 encontrava-se em incumprimento 6,9% do crédito dirigido ao segmento dos produtos metálicos e elétricos, valor acima do registado nas metalúrgicas de base (4,3%) e nos equipamentos de transporte (2,7%).

 

Notas

1 Na área “Empresas” do site do Banco de Portugal, cada empresa pode, de forma instantânea e gratuita, obter o seu Quadro da Empresa e do Setor. Esta informação permite à empresa comparar a sua situação económica e financeira com a das restantes empresas do mesmo setor de atividade e classe de dimensão, atendendo a um vasto conjunto de indicadores. No site do Banco de Portugal é ainda possível a qualquer utilizador aceder aos Quadros do Setor, os quais possibilitam a obtenção de informação agregada para o mesmo conjunto de indicadores relativamente a qualquer setor de atividade e classe de dimensão.

2 Para efeitos desta análise, a indústria metalomecânica compreende as Divisões 24 (“metalúrgicas de base”), 25, 27 e 28 (“produtos metálicos e elétricos”), 29 e 30 (“equipamentos de transporte”) da CAE-Rev.3, atividades económicas inseridas no âmbito das indústrias transformadoras (Secção C da CAE-Rev.3).

3 Nos "Documentos relacionados" da presente nota de informação estatística estão disponíveis, em ficheiro Excel, as séries estatísticas analisadas neste Estudo.

O setor exportador engloba o subconjunto das empresas que registavam exportações de bens e serviços, para as quais: (i) estas exportações representavam pelo menos metade do volume de negócios; ou (ii) em que pelo menos 10% do volume de negócios decorresse de exportações de bens e serviços, quando estas fossem superiores a 150 mil euros. Uma análise detalhada do setor exportador consta da publicação Estudos da Central de Balanços | 22 – Análise das empresas do setor exportador em Portugal, de junho de 2015, atualizada em dezembro de 2017 através da Nota de Informação Estatística n.º 122/2017.