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Nota de Informação Estatística - Análise do setor das atividades de informação e comunicação 2017
O Banco de Portugal atualiza hoje o Estudo da Central de Balanços | 16 – Análise do setor das Atividades de informação e Comunicação, com informação sobre a situação económica e financeira das empresas deste setor1,2 em 2017.
Esta informação é complementada com dados relativos ao final de 2018 sobre os empréstimos concedidos pelo setor financeiro residente.
Os resultados são apresentados por referência às classes de dimensão – microempresas, pequenas e médias empresas e grandes empresas – e segmentos de atividade económica (“media”, “telecomunicações”, e “tecnologias de informação”), e comparados com os resultados do total das empresas3.
Este Estudo foi publicado pela primeira vez em 2014, com dados relativos ao período 2008-2012, e atualizado posteriormente com dados relativos a 2015.
Estrutura e demografia
Número de empresas aumentou em 2017. As telecomunicações eram responsáveis pela maior parcela do volume de negócios, enquanto as tecnologias de informação agregavam a maior parcela das pessoas ao serviço
Em 2017, o setor das atividades de informação e comunicação representava 3% das empresas em Portugal (12 mil empresas), 3% das pessoas ao serviço (93 mil pessoas) e 4% do volume de negócios (12 mil milhões de euros). O número de empresas em atividade no setor aumentou 5,3% face a 2016, aumento superior ao registado para o total das empresas (1,7%). Entre 2016 e 2017, o peso do setor no total das empresas aumentou 0,1 pp, em termos do número de empresas e de pessoas ao serviço, mas diminuiu 0,2 pp no que respeita ao volume de negócios.

Em 2017 foram criadas 1,7 empresas neste setor por cada empresa que encerrou atividade (Gráfico 1). Este valor foi superior ao observado para o total das empresas (rácio natalidade/mortalidade de 1,3 em 2017). O crescimento do número de empresas em atividade no setor esteve essencialmente associado ao aumento do número de microempresas (rácio natalidade/mortalidade de 1,7 em 2017) e de empresas ligadas às tecnologias de informação (rácio natalidade/mortalidade de 2,0, valor acima dos 1,1 registados nos media e dos 1,2 nas telecomunicações).

Em 2017, 91% das empresas do setor eram microempresas, percentagem semelhante à registada no total das empresas (Gráfico 2). Estas empresas geraram 8% do volume de negócios e agregavam 20% das pessoas ao serviço do setor em 2017 (16% e 26%, respetivamente, no total das empresas). As grandes empresas, representativas de 0,5% das empresas do setor, eram responsáveis pela maior parcela do volume de negócios (62%, valor superior aos 42% registados por esta classe de dimensão no total das empresas). Já as pequenas e médias empresas, que reuniam 9% das empresas do setor, agregavam 41% das pessoas ao serviço das atividades de informação e comunicação. Por segmentos de atividade, as pequenas e médias empresas assumiam maior relevância nos media e nas tecnologias de informação, quando considerados o volume de negócios e o número de pessoas ao serviço. Nas telecomunicações, destacavam-se as grandes empresas, ao representarem 89% do volume de negócios e 76% das pessoas ao serviço do segmento.

As tecnologias de informação representavam 65% das empresas, 63% das pessoas ao serviço e 35% do volume de negócios do setor (Gráfico 3). As telecomunicações, representativas de 6% das empresas do setor, agregavam 45% do volume de negócios, ainda que o peso deste segmento tenha diminuído 2 pp entre 2016 e 2017, em benefício do segmento das tecnologias de informação. Os media (29% das empresas) eram responsáveis por 20% do volume de negócios e das pessoas ao serviço do setor.
A área metropolitana de Lisboa agregava 51% das empresas e 79% do volume de negócios das atividades de informação e comunicação. O setor era igualmente mais relevante nesta região, ao representar 5% das empresas e 6% do volume de negócios das empresas aí sediadas.

Atividade e rendibilidade
Volume de negócios aumentou, ainda que menos que no total das empresas. O aumento do EBITDA foi também inferior ao observado no total das empresas
O volume de negócios das atividades de informação e comunicação aumentou 4% em 2017 (mais 0,6 pp do que em 2016), uma variação inferior à observada no total das empresas (9%). O aumento do volume de negócios foi transversal a todas as classes de dimensão: 12% nas microempresas, 9% nas pequenas e médias empresas e 2% nas grandes empresas. Este aumento foi também registado nos vários segmentos de atividade, com destaque para as tecnologias de informação (9%) e para os media (5%), segmentos que contribuíram em 3 pp e 1 pp, respetivamente, para o aumento do volume de negócios do setor (Gráfico 4).
Em 2017, 21% do volume de negócios do setor tinha origem no mercado externo, mais 2 pp do que em 2016. O mercado externo contribuiu em 2,5 pp para o crescimento do volume de negócios do setor em 2017. Nesse ano, 39% do volume de negócios das atividades de informação e comunicação teve origem no setor exportador4. Esta percentagem era superior à registada no total das empresas (35%). Em 2017, 13% das empresas das atividades de informação e comunicação integravam o setor exportador (6% no total das empresas). Este conjunto era mais relevante nas tecnologias de informação (16% das empresas, representativas de 55% do volume de negócios deste segmento).
Os gastos da atividade operacional do setor aumentaram 5% entre 2016 e 2017 (9% no total das empresas), com as várias componentes a registarem subidas em torno deste valor. Os fornecimentos e serviços externos eram a componente mais relevante dos gastos da atividade operacional do setor (59%), seguindo-se os gastos com o pessoal (29%). Estes últimos gastos eram mais relevantes nas tecnologias de informação (45% dos respetivos gastos da atividade operacional), enquanto nos media e nas telecomunicações assumiam maior destaque os fornecimentos e serviços externos (60% e 76%, respetivamente, dos gastos da atividade operacional destes segmentos).

As evoluções do volume de negócios e dos gastos da atividade operacional determinaram que o EBITDA do setor tenha aumentado 1% em 2017 (15% no total das empresas) (Gráfico 5). As tecnologias de informação contribuíram em 3 pp para este aumento, contributo parcialmente anulado pelas telecomunicações (-2 pp, associado a uma variação negativa do respetivo EBITDA de 3%). O EBITDA aumentou 23% nas pequenas e médias empresas e 11% nas microempresas, ao passo que diminuiu 3% nas grandes empresas.

Rendibilidades dos capitais próprios foram mais elevadas nas tecnologias de informação e nos media
Em 2017, a rendibilidade dos capitais próprios do setor foi de 5%, valor inferior ao registado no total das empresas (Gráfico 6). A rendibilidade do setor diminuiu 2 pp em relação a 2016, como consequência da diminuição da rendibilidade das telecomunicações em 11 pp, para -10% em 2017. Em oposição, as rendibilidades das tecnologias de informação e dos media aumentaram 3 pp e 1 pp, para 14% e 10%, respetivamente.

A margem operacional (EBITDA/rendimentos) do setor foi de 20% em 2017, valor similar ao registado em 2016 e 8 pp acima do verificado para o total das empresas (Gráfico 7). Esta margem foi crescente com a classe de dimensão: 7% nas microempresas, 12% nas pequenas e médias empresas e 25% nas grandes empresas. Por segmentos de atividade, as tecnologias de informação registaram a margem operacional mais baixa (12%, que compara com 15% nos media e 28% nas telecomunicações). Em 2017, o setor registou uma margem líquida (resultado líquido do período/rendimentos) de 2%, inferior à registada no total das empresas (4%). A margem líquida das microempresas do setor era negativa (-1%), enquanto as pequenas e médias empresas e as grandes empresas registaram margens positivas (4% e 1%, respetivamente). Por segmentos de atividade, a margem líquida das tecnologias de informação foi de 5%, valor acima dos 4% observados nos media e dos -2% nas telecomunicações.

Situação financeira
Rácio de autonomia financeira foi inferior ao do total das empresas. A dívida remunerada representava metade do passivo do setor
O rácio de autonomia financeira das atividades de informação e comunicação aumentou marginalmente entre 2016 e 2017, para 21%, valor 13 pp abaixo do registado no total das empresas em 2017 (Gráfico 8). O rácio de autonomia financeira era mais baixo nas telecomunicações (11%) e mais elevado nos media (31%) e nas tecnologias de informação (37%).

O passivo do setor diminuiu 1% em 2017 (aumento de 2% no total das empresas) (Gráfico 9). A dívida remunerada, que agrega os títulos de dívida, empréstimos bancários, financiamentos de empresas do grupo e outros financiamentos obtidos, contribuiu em 1,7 pp para a diminuição do passivo do setor, com destaque para o contributo dos financiamentos de empresas do grupo (contributo de 1,2 pp para a diminuição do passivo do setor, associado a uma redução de 3% face a 2016).

A dívida remunerada representava 50% do passivo do setor em 2017, valor 4 pp inferior ao observado no total das empresas (Gráfico 10). Os financiamentos de empresas do grupo representavam 41% do passivo do setor, sendo particularmente relevantes nas telecomunicações (57% do passivo do segmento, valor acima dos 10% registados nos media e dos 9% nas tecnologias de informação) e nas grandes empresas (54% do passivo, por comparação com 8% nas microempresas e 9% nas pequenas e médias empresas). Os empréstimos bancários (5% do passivo do setor) assumiam maior relevância nos media e nas tecnologias de informação, ao representarem 15% do passivo destes segmentos (1% nas telecomunicações).
A dívida comercial representava 13% do passivo das atividades de informação e comunicação (16% no total das empresas). O financiamento líquido por dívida comercial era, à semelhança do verificado na maioria dos setores de atividade, negativo. O diferencial entre os saldos de fornecedores e de clientes era equivalente a -9% do volume de negócios do setor (-3% no total das empresas). Todas as classes de dimensão e segmentos de atividade económica registaram valores negativos para este indicador em 2017.
Pressão financeira mais elevada nas telecomunicações, segmento que apresentava, no entanto, um menor rácio de crédito vencido
Os gastos de financiamento do setor diminuíram 1% em 2017, redução inferior à observada para o total das empresas (6%). Esta redução foi mais acentuada nas grandes empresas do setor (4%). Por segmentos de atividade, a diminuição dos gastos de financiamento foi mais significativa nos media (8%) do que nas telecomunicações (1%), enquanto nas tecnologias de informação estes gastos aumentaram 1%.

O aumento do EBITDA conjugado com a diminuição dos gastos de financiamento resultou num decréscimo marginal da pressão financeira do setor. Em 2017, 18% do EBITDA do setor foi consumido por gastos de financiamento, valor 2 pp superior ao registado para o total das empresas (Gráfico 11). A pressão financeira diminuiu de forma mais significativa para as microempresas (3 pp), não se alterou nas grandes empresas e inclusivamente aumentou 1 pp nas pequenas e médias empresas. Por segmentos de atividade, a pressão financeira diminuiu 1 pp nos media e nas tecnologias de informação (para 7%, em cada um dos casos) e aumentou 1 pp nas telecomunicações (para 25%). As telecomunicações continuaram a ser o segmento com a pressão financeira mais elevada.

Segundo a informação da Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal, o setor das atividades de informação e comunicação agregava, no final de 2018, 1,4% do montante de crédito obtido pelas empresas não financeiras junto do setor financeiro residente, valor que não sofreu alterações em relação ao final de 2017.
No final de 2018, encontrava-se em incumprimento 4,1% do crédito concedido ao setor, valor inferior ao registado no total das empresas (9,4%) (Gráfico 12). O rácio de crédito vencido do setor diminuiu 1,4 pp face ao registado no final de 2017, redução inferior à registada no total das empresas (4,1 pp). A descida do rácio de crédito vencido do setor deveu-se aos media e às tecnologias de informação, cujos rácios diminuíram 3,9 pp e 0,2 pp, respetivamente. Em contrapartida, as telecomunicações registaram um aumento deste rácio no mesmo período (0,2 pp). No final de 2018 encontrava-se em incumprimento 5,2% do crédito dirigido aos media, valor superior ao registado nas tecnologias de informação (3,7%) e nas telecomunicações (2,1%).
Notas
1 Na área “Empresas” do site do Banco de Portugal, cada empresa pode, de forma instantânea e gratuita, obter o seu Quadro da Empresa e do Setor. Esta informação permite à empresa comparar a sua situação económica e financeira com a das restantes empresas do mesmo setor de atividade e classe de dimensão, atendendo a um vasto conjunto de indicadores. No site do Banco de Portugal é ainda possível a qualquer utilizador aceder aos Quadros do Setor, os quais possibilitam a obtenção de informação agregada para o mesmo conjunto de indicadores relativamente a qualquer setor de atividade e classe de dimensão.
2 Para efeitos desta análise, o setor das atividades de informação e comunicação compreende as atividades de produção e distribuição de produtos de informação e culturais, o fornecimento de meios para transmitir e distribuir esses produtos, assim como dados ou comunicações, as atividades das tecnologias da informação, o processamento de dados e outras atividades de informação. Assim, consideram-se pertencentes a este setor as empresas classificadas nas Divisões 58, 59 e 60 (“media”), 61 (“telecomunicações”), 62 e 63 (“tecnologias de informação”) da CAE-Rev.3, atividades económicas inseridas no âmbito da Secção J – Atividades de informação e comunicação.
3 Nos "Documentos relacionados" da presente nota de informação estatística estão disponíveis, em ficheiro Excel, as séries estatísticas analisadas neste Estudo.
4 O setor exportador engloba o subconjunto das empresas que registavam exportações de bens e serviços, para as quais: (i) estas exportações representavam pelo menos metade do volume de negócios; ou (ii) em que pelo menos 10% do volume de negócios decorresse de exportações de bens e serviços, quando estas fossem superiores a 150 mil euros. Uma análise detalhada do setor exportador consta da publicação Estudos da Central de Balanços | 22 – Análise das empresas do setor exportador em Portugal, de junho de 2015, atualizada em dezembro de 2017 através da Nota de Informação Estatística n.º 122/2017.