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Comunicado do Banco de Portugal sobre o Relatório de Estabilidade Financeira de junho de 2021

A pandemia de COVID-19 causou uma crise económica com implicações para a situação financeira. As medidas de apoio, adotadas rápida e coordenadamente, evitaram a transmissão da crise ao setor financeiro.
Porém, a crise interrompeu o processo de ajustamento da economia portuguesa. A magnitude e a persistência da crise, juntamente com a diluição no tempo e a redistribuição dos custos da pandemia entre os setores privado e público, levaram a um aumento da dívida, em particular nas administrações públicas e nos sectores de atividade mais afetados pela crise.

No setor bancário, o reconhecimento atempado do risco de crédito reduziu a rendibilidade do setor. Os bancos, beneficiando igualmente de medidas adotadas, mantêm indicadores de liquidez e de solvabilidade resilientes, ao mesmo tempo que satisfazem as necessidades de financiamento da economia. 

As principais vulnerabilidades e riscos para a estabilidade financeira que decorrem deste enquadramento são:

  • Risco de uma correção nos mercados financeiros internacionais, que poderá ser amplificado pela elevada alavancagem, pela exposição a ativos de menor qualidade creditícia e pela baixa liquidez na carteira do setor financeiro não bancário na área do euro. 
  • A retirada das medidas de apoio, numa situação de endividamento elevado e de atividade ainda deprimida em alguns setores, potencia a materialização do risco de crédito.
  • O elevado endividamento das administrações públicas e o aumento das responsabilidades contingentes constituem uma vulnerabilidade da economia portuguesa. 
  • Correção dos preços no mercado imobiliário residencial em Portugal, que pode decorrer, inter alia, da potencial retração da procura de imóveis por não residentes, que surja associada a uma deterioração das condições de financiamento internacionais.
  • No mercado imobiliário comercial, pode ocorrer uma queda adicional dos preços na sequência da ocorrida em 2020 para alguns segmentos (retalho e hotéis).
  • Perspetivas de rendibilidade baixa no setor bancário e reforço da ligação ao setor público, através do reforço da exposição a divida pública e da concessão de crédito com garantia pública. 

Avaliadas de forma integrada, as vulnerabilidades e riscos elencados evidenciam interdependências entre setores económicos, que devem ser tidas em consideração na formulação de políticas promotoras da estabilidade financeira. 

Infografia: Relatório de Estabilidade Financeira de junho de 2021