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Comunicado do Banco de Portugal sobre o Relatório de Acompanhamento dos Mercados de Crédito de 2021

O Banco de Portugal publica hoje o Relatório de Acompanhamento dos Mercados de Crédito. Este relatório analisa a evolução, em 2021, dos mercados do crédito à habitação e hipotecário e do crédito aos consumidores. Esta informação era anteriormente publicada no Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho.

Infografia - Relatório de Acompanhamento dos Mercados de Crédito de 2021

Em 2021, o crescimento dos contratos de crédito à habitação celebrados e dos montantes concedidos foram os mais acentuados desde 2017.

O montante de crédito à habitação concedido cresceu 37%, em relação a 2020, e o número de contratos celebrados aumentou 29%. Em média, foram celebrados 9720 contratos de crédito à habitação por mês, no montante de 1230,4 milhões de euros. O montante médio por contrato de crédito à habitação foi de 126 580 euros, um valor superior ao registado em 2020 (119 408 euros).

Em 2021, os intermediários de crédito foram responsáveis pela comercialização de 16,1% do montante total de crédito à habitação concedido, o que compara com 12,9% em 2020.

O número de contratos na carteira das instituições manteve-se relativamente estável, mas o saldo em dívida cresceu.

No final de 2021, as instituições tinham em carteira 1,43 milhões de contratos de crédito à habitação (menos 0,9% do que em 2020), aos quais correspondia um saldo em dívida de 101,3 mil milhões de euros (mais 12,4%).

O prazo médio diminuiu nos novos contratos, mas aumentou nos contratos em carteira.

Os novos contratos de crédito à habitação tiveram, em média, um prazo de 32,9 anos, o que compara com 33,1 anos em 2020. Os contratos em carteira no final do ano tinham um prazo médio de 33,5 anos, acima do prazo do final de 2020 (33,3 anos), o que pode estar relacionado com o regime de moratória pública, que foi acompanhado por um aumento da maturidade dos contratos.

As renegociações e o montante renegociado aumentaram em 2021.

O número de renegociações em 2021 foi muito superior ao verificado em 2020. O aumento de 36% registou-se num contexto de cessação do regime da moratória pública, que ocorreu em setembro de 2021 para a generalidade dos contratos. Os mutuários não se encontravam em situação de incumprimento na maior parte dos contratos renegociados (88,8%).

O montante concedido noutros créditos hipotecários aumentou 15,8%, mas este tipo de contratos continuou a ter pouca expressão.

Em 2021, foram celebrados 14 645 contratos de crédito com garantia hipotecária sem finalidade de habitação (mais 7,5% do que em 2020), aos quais correspondeu um montante de crédito concedido de 900 milhões de euros (mais 15,8%). Estes créditos hipotecários representaram 11,2% do número de contratos celebrados e 5,7% do montante de crédito concedido em 2021 (respetivamente, 13% e 6,7% em 2020).

O número de contratos de crédito aos consumidores cresceu 15,3%, e o montante concedido aumentou 11,6%, mas o mercado manteve-se aquém dos níveis pré-pandemia.

Em 2021, foram celebrados, em média, 116 927 contratos de crédito aos consumidores por mês, no valor de 547,1 milhões de euros, menos 12,3% e menos 13,5%, respetivamente, do que em 2019, ano anterior à pandemia.

A recuperação deste mercado ocorreu a partir do segundo trimestre do ano, uma vez que o primeiro trimestre foi ainda afetado pelas medidas de mitigação da pandemia.

O montante de crédito concedido aumentou em todos os tipos de crédito, mas no crédito automóvel o crescimento foi residual.

No crédito pessoal, o montante de crédito concedido aumentou 19,6%, face a 2020, e no crédito revolving o crescimento foi de 18,8%. No crédito automóvel o crescimento foi de apenas 1,3%.

O menor dinamismo do crédito automóvel, segmento em que predominam os intermediários de crédito, refletiu-se no peso deste canal de comercialização no total do crédito aos consumidores: representaram 46,9% do montante total de crédito concedido em 2021, percentagem inferior à registada em 2020 (50,2%).