Comunicado do Banco de Portugal sobre o Relatório da Implementação da Política Monetária em 2022
O Banco de Portugal publicou hoje o Relatório da Implementação da Política Monetária relativo a 2022. O relatório descreve a implementação das medidas tomadas pelo Eurosistema com o objetivo de salvaguardar a estabilidade de preços, com destaque para as atividades desenvolvidas pelo Banco de Portugal.
O ano de 2022 foi marcado por um aumento significativo e generalizado da inflação na área do euro, que influenciou de forma determinante a política monetária do Banco Central Europeu (BCE). O BCE anunciou o fim das compras líquidas de ativos no âmbito do programa de compra de ativos (APP) e o início do aumento gradual das taxas de juro oficiais.
O primeiro aumento nas taxas de juro do BCE ocorreu em julho, encerrando o período de taxas de juro negativas em vigor desde 2014. As taxas de juro aumentaram nas três reuniões de política monetária seguintes, atingindo, no final do ano, 2% para a taxa da facilidade permanente de depósito, 2,5% para a taxa das operações principais de refinanciamento e 2,75% para a taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez.
As taxas aplicadas às operações de refinanciamento de longo prazo (TLTRO III) e a remuneração das reservas mínimas das instituições de crédito e dos depósitos dos Estados junto do Eurosistema foram também ajustadas.
Foi criado o Instrumento de Proteção da Transmissão (TPI), tendo em vista combater a fragmentação na área do euro, especialmente durante o processo de normalização da política monetária.
O BCE anunciou ainda a eliminação gradual, entre julho de 2022 e março de 2024, das medidas temporárias de flexibilização do quadro de ativos de garantia adotadas durante a crise pandémica.
Em linha com a orientação mais restritiva da política monetária, o valor obtido pelas contrapartes portuguesas junto do Banco de Portugal nas operações de cedência de liquidez reduziu-se consideravelmente, devido aos reembolsos (programados e antecipados) da TLTRO III. O valor total dos ativos de garantia mobilizados no final do ano também diminuiu face ao final de 2021, em cerca de 12 mil milhões de euros.
Por outro lado, a utilização da facilidade de depósito aumentou mais de 50 mil milhões de euros, uma vez que as instituições de crédito transferiram a maioria das reservas excedentárias para essa facilidade nos últimos meses do ano, devido à sua remuneração positiva e num contexto de excesso de liquidez.
No final de 2022, o Banco de Portugal detinha 86 mil milhões de euros em títulos adquiridos para fins de política monetária (APP e PEPP), sendo 98% desse valor relativo a dívida pública portuguesa e a dívida emitida por entidades supranacionais.
O contexto de normalização da política monetária refletiu-se na redução da dimensão do balanço do Banco de Portugal, essencialmente devido à diminuição do financiamento às instituições de crédito. No final do ano, o valor do balanço ascendia a 198 mil milhões de euros face aos 219 mil milhões de euros registados no final de 2021.