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Comunicado do Banco de Portugal sobre o Boletim Económico de outubro de 2017

O Banco de Portugal publica hoje o Boletim Económico de outubro de 2017. O Boletim analisa a evolução da economia portuguesa no primeiro semestre de 2017 e atualiza as projeções macroeconómicas para o ano em curso. 

  

Projeções para a economia portuguesa 2017

As projeções do Banco de Portugal apontam para uma recuperação da economia portuguesa em 2017, confirmando globalmente as projeções publicadas no Boletim Económico de junho. 

O produto interno bruto (PIB) deverá crescer 2,5% em 2017, depois de ter aumentado 1,5% em 2016, com um perfil de desaceleração intra-anual. Estima-se que o crescimento do PIB em 2017 supere em 0,3 pontos percentuais o crescimento observado na economia da área do euro, interrompendo a tendência de divergência real registada desde 2000. 

De acordo com as projeções, a recuperação da economia portuguesa em 2017 deverá ser sustentada por um crescimento de 7,1% nas exportações de bens e serviços (4,1% em 2016), refletindo novos ganhos de quota de mercado, e por um aumento de 8,0% na formação bruta de capital fixo (1,6% em 2016), impulsionado pelas componentes pública e de habitação e pela manutenção de um forte crescimento da formação bruta de capital fixo empresarial (cerca de 7%).

Nas exportações de bens e serviços, é de destacar o forte desempenho das exportações de turismo, que, em 2017, deverão ser 77% superiores ao nível registado em 2008.

A economia portuguesa deverá manter capacidade de financiamento, medida pelo excedente da balança corrente e de capital, de 1,8% do PIB, um nível próximo do observado em 2016.

De acordo com as projeções, o consumo privado deverá crescer 2,1% em 2017, um ritmo inferior ao projetado para o PIB e ao observado em 2016, traduzindo a desaceleração no consumo de bens duradouros, nomeadamente de veículos automóveis.

As projeções apontam também para melhorias no mercado de trabalho, com uma aceleração pronunciada do emprego (revendo em alta a projeção do Boletim Económico de junho), uma redução da taxa de desemprego e um ligeiro aumento da população ativa, num quadro de fraco crescimento dos salários reais e de redução do endividamento das famílias. O crescimento mais acentuado do emprego quando comparado com o aumento projetado para o PIB deverá resultar numa redução da produtividade aparente do trabalho.

De acordo com as projeções, a taxa de inflação, medida pela taxa de variação do índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC), deverá aumentar de 0,6% em 2016 para 1,6% em 2017.

A recuperação da economia portuguesa projetada para 2017 ocorre numa envolvente económica, financeira e monetária particularmente favorável. O perfil de desaceleração intra-anual resulta de uma normalização que é consistente com uma aproximação ao ritmo de crescimento sustentável da economia portuguesa.

A economia portuguesa no primeiro semestre de 2017

A economia portuguesa cresceu no primeiro semestre de 2017 a um ritmo claramente superior à média europeia e ao observado na última década. Este dinamismo foi transversal à generalidade dos setores de atividade e beneficiou de um enquadramento internacional favorável. O PIB aumentou 2,9%, impulsionado pelo comportamento das exportações e do investimento.

As exportações de bens e serviços aumentaram 8,9%, em virtude do dinamismo da generalidade das componentes e dos destinos geográficos, e refletindo ganhos acentuados de quota de mercado, na ordem dos 4,6 pontos percentuais. As exportações do turismo cresceram 15,3%, a taxa mais elevada das últimas duas décadas.

Na procura interna, o primeiro semestre foi marcado por um forte crescimento da formação bruta de capital fixo, de 10,1%. Este crescimento foi transversal às várias componentes, incluindo a construção. O consumo privado aumentou 2,1%, num contexto de melhoria da confiança dos consumidores e de aumento do rendimento disponível.

No mercado de trabalho, a população ativa aumentou 0,9% em termos homólogos, após seis anos consecutivos em queda. O emprego cresceu 3,3%, embora tenha permanecido em níveis historicamente baixos. Os fluxos líquidos de criação de emprego continuaram a orientar-se para os setores da economia com maior produtividade, nomeadamente para os mais expostos à concorrência internacional. A taxa de desemprego prosseguiu a tendência de queda observada desde 2013, fixando-se em 9,5%; no entanto, o peso do desemprego de longa duração no desemprego total continuou a ser muito elevado (59,5%).

taxa de inflação, medida pela variação homóloga do IHPC, foi de 1,6%.

A atual fase de expansão da economia portuguesa é uma oportunidade única para reforçar a sua resiliência a choques internos e externos e para responder ao desafio do aumento da produtividade no médio e longo prazo. A evolução favorável do investimento e, em particular, do investimento empresarial, é muito relevante para o crescimento atual e potencial da economia portuguesa, mas continua aquém do observado antes da crise financeira internacional. É fundamental reforçar a eficiência na intermediação financeira, promover a desalavancagem adicional do setor privado, reduzir o nível da dívida pública e criar incentivos adicionais à inovação, à mobilidade de fatores e a investimentos em capital humano e físico, garantindo, simultaneamente, um quadro institucional previsível e promotor da estabilidade macroeconómica.

 

Tema em destaque e caixas do Boletim Económico

O Boletim Económico inclui um tema em destaque: “O comércio internacional: ganhos e desafios”.

Além do tema em destaque, o Boletim apresenta ainda as seguintes caixas:

Caixa 1 | Normalização da política monetária nos EUA

Caixa 2 | Operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas: caracterização e impactos no mercado de crédito bancário

Caixa 3 | Procura e concessão de crédito: uma caracterização com base nas consultas à Central de Responsabilidades de Crédito.

Caixa 4 | Evolução dos empréstimos concedidos a sociedades não financeiras por instituições de crédito residentes: margem extensiva versus margem intensiva

Caixa 5 | Evolução recente da dívida pública e estratégia de financiamento

Caixa 6 | A evolução do VAB, emprego e produtividade na recuperação em curso: contributos setoriais

Caixa 7 | Análise do inquérito de conjuntura ao investimento: fatores limitativos do investimento

Caixa 8 | A evolução recente do turismo não residente em Portugal

Caixa 9 | Evolução recente da quota de mercado das exportações portuguesas de bens na UE

 

Caixa 4: Evolução dos empréstimos concedidos a sociedades não financeiras (2006-2016)