Está aqui

Comunicado do Banco de Portugal sobre o Boletim Económico de maio de 2016

O Banco de Portugal publica hoje o Boletim Económico de maio de 2016. O Boletim apresenta uma análise da economia portuguesa em 2015.

A economia portuguesa em 2015

  1. A economia portuguesa voltou a apresentar um crescimento moderado em 2015, em linha com a média da área do euro. O PIB aumentou 1,5 por cento, mais 0,6 pontos percentuais (p.p.) do que em 2014, refletindo, para o conjunto do ano, o crescimento da generalidade das componentes da procura interna e a aceleração das exportações.
  2. Não obstante, a atividade económica mostrou sinais de enfraquecimento no segundo semestre, em resultado da desaceleração da Formação Bruta de Capital Fixo empresarial e das exportações.
  3. O consumo privado aumentou 2,6 por cento, mais 0,4 p.p. do que em 2014, crescendo, pelo segundo ano consecutivo, acima do rendimento disponível. Esta aceleração refletiu a recuperação moderada do rendimento disponível das famílias, a maior confiança dos consumidores e expetativas de aumento do rendimento permanente, num contexto de melhorias no mercado de trabalho, de menor redução do emprego público e de maior crescimento das transferências para as famílias em pensões.
  4. As exportações de bens e serviços cresceram 5,2 por cento, mais 1,3 p.p. do que em 2014. Esta aceleração decorreu, em larga medida, do forte crescimento das exportações de bens energéticos (de 35,9 por cento, depois de uma queda de 12,2 por cento em 2014). Excluindo os bens energéticos, as exportações de bens cresceram menos 1,9 p.p. do que no ano anterior, traduzindo, numa parte significativa, a queda das exportações para Angola.
  5. A Formação Bruta de Capital Fixo subiu 3,9 por cento, um crescimento superior em 1,1 p.p. ao observado em 2014. Embora tenha um peso reduzido no total, o investimento público cresceu, depois de quedas acentuadas nos quatro anos anteriores. A Formação Bruta de Capital Fixo empresarial diminuiu no segundo semestre.
  6. O saldo conjunto das balanças corrente e de capital manteve-se positivo, ou seja, a economia portuguesa continuou a demonstrar capacidade de financiamento face ao exterior, num contexto de estabilização do investimento e da poupança. Ainda assim, a capacidade de financiamento das famílias e das sociedades não financeiras caiu, com a taxa de poupança das famílias a registar uma nova redução para 4,2 por cento do rendimento disponível.
  7. Em termos de política orçamental, foi interrompida a consolidação iniciada em 2011, em resultado da quebra da receita estrutural em 0,8 pontos percentuais, essencialmente motivada pelas receitas não fiscais. A diminuição de 1,1 por cento nas despesas com pessoal contribuiu para uma redução da despesa primária estrutural, que se situou no nível mais baixo desde 2003.
  8. As condições do mercado de trabalho melhoraram, num cenário de baixo crescimento dos salários e de virtual estagnação da produtividade. Embora permaneça em níveis historicamente baixos, o emprego aumentou 1,1 por cento. A taxa de desemprego desceu 1,5 p.p. para 12,4 por cento. O peso do desemprego de longa duração manteve-se muito elevado (63,5 por cento do desemprego total).
  9. O índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC) aumentou 0,5 por cento, depois de uma queda de 0,2 por cento em 2014.

A economia portuguesa sofreu transformações importantes nos últimos anos: tornou-se mais aberta ao exterior e a especialização produtiva alterou-se em favor dos setores mais expostos à concorrência internacional. Ainda assim, o baixo crescimento da produtividade reflete a persistência de fragilidades estruturais, bem como os próprios condicionalismos do processo de ajustamento dos últimos anos. A economia portuguesa continua a registar uma tendência de longo prazo de reduzido crescimento potencial, associada à debilidade no funcionamento dos mercados de trabalho e do produto e na quantidade e qualidade dos fatores produtivos. 

A participação na união monetária suavizou o processo de ajustamento da economia portuguesa e proporciona, no contexto atual, condições monetárias particularmente favoráveis. Contudo, esta participação coloca igualmente desafios importantes, numa fase de redução dos desequilíbrios acumulados, na medida em que faz recair o esforço de ajustamento sobre o lado real da economia.

Destaque: A evolução da poupança das famílias portuguesas

A evolução da taxa de poupança das famílias em Portugal é o tema em destaque nesta edição do Boletim Económico.
O Boletim inclui ainda, entre outras, quatro caixas onde são analisados com maior pormenor aspetos relevantes da evolução da economia portuguesa em 2015, nomeadamente:

• A evolução do endividamento das empresas em Portugal (Caixa 2.2.1);
• A exposição da economia portuguesa a Angola (Caixa 5.1);
• As quotas de mercado das exportações portuguesas de bens (Caixa 5.2);
• O investimento imobiliário em Portugal por não residentes (Caixa 7.1).

 

Lisboa, 4 de maio de 2016