Comunicado: Boletim Económico – Dezembro de 2014
1. As projeções para a economia portuguesa em 2014-2016 refletem a continuação do processo de ajustamento gradual dos desequilíbrios macroeconómicos, num quadro de crescimento moderado da atividade e do nível de preços e de redução do endividamento externo (Quadro 1).
2. Após uma virtual estabilização da atividade nos três primeiros trimestres de 2014, a continuação da trajetória de recuperação gradual do Produto Interno Bruto (PIB) considerada nas atuais projeções deverá traduzir-se num crescimento médio em 2014-2016 ligeiramente superior ao projetado para a área do euro. A composição do PIB em 2014 caracteriza-se por uma recuperação da procura interna e por uma desaceleração das exportações, a qual refletiu parcialmente fenómenos de natureza temporária. Para 2015-2016, prevê-se uma relativa estabilização do crescimento da procura interna (excluindo variação de existências) e uma progressiva aceleração das exportações.
3. Ao longo do horizonte de projeção, a economia deverá continuar a reorientar-se para os setores transacionáveis, o que deverá favorecer uma melhor afetação de recursos na economia e, consequentemente, beneficiar a produtividade, em particular em 2015-2016. Após apresentar uma recuperação superior à da atividade em 2014, o emprego deverá evoluir, ao longo do restante horizonte de projeção, globalmente em linha com a sua relação histórica com o PIB.
Quadro 1 • Projeções do Banco de Portugal: 2014-2016
Taxa de variação anual, em percentagem
4. No período 2014-2016 deverá registar-se um ligeiro aumento da capacidade de financiamento da economia, medida pelo saldo conjunto das balanças corrente e de capital. Esta evolução deverá beneficiar de um progressivo aumento do saldo da balança de bens e serviços em percentagem do PIB a partir do final de 2014, resultante em larga medida de um efeito de volume, a par de ganhos de termos de troca em 2014 e 2015.
5. Relativamente à inflação, medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), projeta-se um aumento limitado em 2015-2016, num contexto em que as pressões sobre os preços, quer internas quer externas, deverão manter-se contidas.
6. Os riscos em torno da projeção para o crescimento da atividade económica são ligeiramente descendentes para 2015 e 2016, dada a probabilidade de uma evolução da procura externa menos favorável e de uma redução mais significativa do consumo público, compensadas parcialmente por um risco ascendente associado ao impacto das reformas estruturais.
7. Os riscos para a inflação consideram-se marginalmente descendentes no horizonte de projeção. Refira-se, no entanto, que as hipóteses técnicas do exercício de projeção têm como data de fecho o dia 19 de novembro, pelo que não refletem a queda observada recentemente no preço do petróleo. Esta evolução deverá implicar uma pressão adicional descendente sobre os preços ao longo dos próximos meses.
8. Em relação a anteriores edições do Boletim Económico, as projeções para o crescimento do PIB mantêm-se relativamente inalteradas, não obstante uma revisão da composição da procura em 2014 e 2015, no sentido de um maior contributo da procura interna e de um menor contributo das exportações para o crescimento da atividade. As projeções para a inflação foram revistas em baixa, em particular para 2015, refletindo a incorporação de valores observados do IHPC inferiores aos antecipados, bem como a revisão em baixa das hipóteses consideradas para a evolução do preço do petróleo em euros. A projeção para o crescimento do IHPC em 2016 permanece virtualmente inalterada.
Caixas
O Boletim Económico inclui cinco caixas que analisam com maior pormenor aspetos relevantes para a projeção ou desenvolvimentos recentes:
- Caixa 1 “Hipóteses de enquadramento”;
- Caixa 2 “Dinâmica recente do emprego na economia portuguesa”;
- Caixa 3 “Medidas recentes de política monetária não convencional”;
- Caixa 4 “A evolução recente do perfil de risco do crédito concedido às empresas em Portugal”;
- Caixa 5 “Perspetivas orçamentais para 2015”.
Artigos assinados
O Boletim Económico inclui três artigos assinados por economistas do Banco. Estes artigos são da exclusiva responsabilidade dos autores:
- “Dinâmica e contraste dos preços de habitação em Portugal e Espanha”, por Rita Fradique Lourenço e Paulo M.M. Rodrigues;
- “Crises de dívida soberana”, por Pedro Teles;
- “Ajustamentos salariais durante a Grande Recessão”, por Fernando Martins e Pedro Portugal.
Lisboa, 10 de dezembro de 2014