Agência do Banco de Portugal em Leiria
Nível de descrição
Fundo
Código de referência
PT/BP/BP-LEIRIA
Código de referência Nyron
BP-Leiria
Título
Agência do Banco de Portugal em Leiria
Datas de produção
1893-01-24
a
1994-09-28
Dimensão e suporte
593 Livros e 85 Caixas ; Centímetros ; Papel
Entidade detentora
Banco de Portugal
História administrativa/biográfica/familiar
Por força do contrato celebrado em 10 de Dezembro de 1887 entre o Governo e a direção do Banco de Portugal, esta estava obrigada a criar Caixas Filiais e Agências nas capitais de distrito por contrapartida da detenção do monopólio da emissão de notas. Neste sentido, e de acordo com a carta de lei de 29 de Julho de 1887, ficavam a cargo do Banco de Portugal os serviços de tesouraria do Estado, provisoriamente organizados a partir de 1 de Janeiro de 1888, ficando à sua frente o tesoureiro pagador do distrito que desempenharia, de acordo com o Decreto nº 1 de 15 de Dezembro de 1887, as funções de agente provisório do Banco para os serviços de tesouraria do Estado, enquanto não se organizassem definitivamente todas as agências. As agências de Leiria, Viseu, Vila Real e Bragança foram as últimas agências continentais a serem instaladas: todas elas no ano de 1893. No dia 1 de Agosto de 1893 era formalmente inaugurada a agência definitiva do Banco de Portugal em Leiria: o primeiro estabelecimento de crédito do distrito. Para a ocasião, a administração delegou em Virgílio José Rolland, funcionário da Sede, a tarefa de dar posse aos primeiros agentes: Manuel Joaquim Henrique e António Ferreira Custódio. À semelhança de muitas outras, a agência iniciou o seu funcionamento em instalações provisórias anexas ao Governo Civil onde funcionava também a Repartição da Fazenda. O quadro de pessoal inicial era o comum às agências instaladas à época: dois agentes, sendo um deles o ex-tesoureiro pagador e agente provisório desde 1888 e mais quatro empregados. Para a agência definitiva transitaram também os seguintes saldos: dinheiro - 6.286$969 Reis; papéis de crédito pertencentes à C.G.D. - 300$000 Reis; objetos preciosos pertencentes à C.G.D. - 1.037$749 Reis. Tal como outras agências distritais, a agência leiriense tinha como funções principais as operações com o Tesouro (atividade central durante o período de existência enquanto agência provisória), o desconto de letras, a realização de operações cambiais, o empréstimo sobre penhores, a transferência de fundos, a atividade de depósito de valores, o aluguer de cofres e a prestação de informações. Os primeiros momentos da agência foram de grandes dificuldades: havia que vencer mentalidades e instituir novos hábitos comerciais, mostrando as vantagens proporcionadas pelo desconto e pela utilização do crédito concedido sobre a propriedade territorial. A aceitação destes novos hábitos era o oposto dos hábitos instituídos na população local, que tinha por base a simples confiança entre quem emprestava e quem era abonado. Contudo, com maiores ou menores dificuldade, a agência procurou adaptar-se às características da região e incrementar a sua atividade, de modo a auxiliar e promover a economia local e, consequentemente, a do País. Nessa economia local encontravam-se três realidades bem distintas: a economia rural, apoiada, essencialmente, na produção de fruta, legumes e produção de vinho comum; a pesca, na orla costeira do distrito; a indústria, centrada na produção e transformação de vidro, conserva de peixe, louças, têxteis, madeira e extração de pedra e outros minerais. O sector da construção foi também, progressivamente, tomando maior importância e assumindo uma atividade preponderante na região, permitindo o desenvolvimento da atividade turística da região. O serviço externo da agência era assegurado por uma importante rede de correspondentes locais que colmatava as barreiras geográficas e de comunicação existentes. De todas as correspondências locais criadas salientam-se pela sua importância e volume de negócios as de Alcobaça, Caldas da Rainha, Marinha Grande, Peniche, Pombal e Porto de Mós. A região das Caldas da Rainha desde cedo se destacou pelo elevado volume do desconto que praticava. Com a elevação da correspondência local a agência concelhia, em 1932, algum do movimento de desconto da agência de Leiria foi transferido. Com o encerramento da agência das Caldas da Rainha, em 1989, as suas funções foram transferidas novamente para Leiria. Em 1976, com a reestruturação do Banco de Portugal e do sector bancário nacional, a rede de correspondentes local foi extinta. A partir de 1974, a nacionalização da atividade bancária e o desenvolvimento das redes bancárias de outros bancos comerciais, condicionaram a atividade da agência leiriense. A melhoria das comunicações e a proximidade geográfica de Coimbra ou da Sede limitavam a importância da agência de Leiria no território. Por outro lado, o desconto direto cessou em 1976 a par da rede de correspondentes, ficando a agência vazia das suas principais competências.Seguindo uma política de redimensionamento da rede de agências levada a cabo na última década do século XX, optou-se pelo encerramento de algumas, um pouco por todo o País. Nesse grupo, estava incluída a Agência de Leiria. Assim, em 31 de Julho de 1994 a agência encerra as suas portas. O EdifícioCom o desenvolvimento da atividade bancária na região e o aumento contínuo do movimento da agência, o espaço provisório ocupado no edifício do Governo Civil local demonstrou ser manifestamente insuficiente para albergar condignamente uma das principais instituições bancárias da região e do País. Também o aumento da concorrência comercial exercida por outras instituições bancárias e a pressão exercida pelo Governador Civil, que alegava necessitar de espaço para acondicionar um Corpo de Segurança Pública no edifício, apressaram a saída da agência para edifício próprio. Em 1921, foi adquirido por 24.000$00 um prédio, posteriormente demolido, para a construção de raiz de um edifício condigno para albergar os serviços da agência leiriense. Para o efeito foi entregue ao arquiteto suíço Ernesto Korrodi o projeto do novo edifício. Iniciadas as obras em 1924, os trabalhos demoraram vários anos, tendo o edifício sido inaugurado em 17 de Janeiro de 1929. O edifício, excelente exemplar de arte nova, estava instalado no Largo 5 de Outubro, num local nobre, bem no coração comercial da cidade. A traça é inspirada naquilo que o próprio Korrodi designava como arquitetura tradicional da primeira metade do século XVIII, própria de edifícios apalaçados. De toda a volumetria do edifício, a imprensa da época salientava o aspeto elegante do exterior, com todos os requisitos que o movimento daquele estabelecimento exigia, realçando-se a utilização dos mais ricos mármores da região, assim como a utilização das mais belas madeiras nos acabamentos interiores.
Sistema de organização
Cronológico, alfabético e numérico
Idioma e escrita
Português, inglês e francês
Existência e localização de cópias
Nenhuma