Banco Comercial de Lisboa
Nível de descrição
Subfundo
Código de referência
PT/BP/IGCS-BCL
Código de referência Nyron
IGCS/BCL
Título
Banco Comercial de Lisboa
Datas de produção
1925-03-18
a
1937-10-20
Dimensão e suporte
1 Caixa ; Papel
História administrativa/biográfica/familiar
O Banco Comercial de Lisboa nasceu num período áureo da atividade financeira em Portugal, tendo sido um dos diversos bancos surgidos no ano de 1875.Criado por escritura de 25 de fevereiro de 1875, o banco tinha a sua sede em Lisboa e juridicamente foi constituído como sociedade anónima de responsabilidade limitada. Do capital autorizado de 4.000 contos de réis, a primeira tranche de 2000 contos de réis, representada por ações com o valor nominal de 100 mil réis, foi integralmente realizada por mais de 10 acionistas. Do grupo de sócios fundadores da instituição contam-se algumas personalidades de relevo político e económico da época, nomeadamente, José António dos Reis, Bodo Pressler, Francisco Cardoso Pereira Júnior, João Alberto Lopes, João Carlos Coelho da Silva, João Vicente Ribeiro, José Maria Camilo de Mendonça, José Gregório de Rosa Araújo e Manuel Iglésias, fundadores que viriam a tomar parte nos primeiros órgãos sociais do banco.Inicialmente, o Banco Comercial de Lisboa funcionou nas instalações da Companhia de Lanifícios da Arrentela, situada na Rua dos Retroseiros, até que ficasse tratada a compra de um prédio, na Rua Nova d’el Rei (atual Rua do Comércio), para a instalação da futura sede. A mudança para o novo edifício concretizou-se em 02 de fevereiro de 1876 após profundas obras de adaptação do edifício à nova atividade a desempenhar.Os primeiros anos de vida do banco foram complicados. Logo em 1876, devido à crise económica e financeira que abalou o País, e a consequente queda de várias instituições financeiras, a desconfiança da população nas instituições de crédito complicava o desenvolvimento das casas que iam resistindo, devido à diminuição dos fluxos de capitais. De finais do século XIX e primeiros anos do século XX, podemos dizer que o Banco Comercial de Lisboa teve uma ascensão lenta, procurando a sua consolidação e a captação de depósitos junto de um nicho de mercado que o caracterizava desde os primeiros tempos: “gente de dinheiro”, grandes proprietários das regiões do Ribatejo e do Alentejo, clientes situados no segmento médio-alto, faixa clientelar que usualmente não recorria ao crédito bancário senão em situações pontuais. A não diversificação da clientela e a limitação das operações bancárias realizadas conduziram a instituição a uma situação corrente - dificuldades em dispor de fundos sem as correspondentes aplicações, tornando insustentável o seu equilíbrio.Em 1918, os fundos próprios que eram de 6.136 contos, foram aumentados para 13.665 contos. Ainda neste ano, o capital social é totalmente realizado com a subscrição de uma 2ª emissão de ações de mais 2.000 contos. Contudo, as dificuldades e condicionantes advindas da Primeira Grande Guerra e a situação política e social instável que se vivia à época mantiveram a lenta ascensão da instituição, e as contas do banco a oscilar entre os magros lucros e os recorrentes prejuízos. Embora a rede de correspondentes do banco em 1929 estivesse expandida às principais cidades e praças financeiras do País, os lucros do banco eram escassos e raros. Ainda no ano de 1929, por escritura de 16 de março, o pacto social é alterado e o fundo flutuante é aumentado para 1.000 contos, mantendo-se inalterado o capital social nos 4.000 contos iniciais.Os próprios estatutos eram o primeiro entrave à acreditação da instituição junto da população. Com efeito, e principalmente na década de 30, qualquer acionista, mesmo detentor de um só título, podia usar da palavra. Foi também nos primeiros anos desta década que os efeitos nocivos da grande depressão de 1929 se começaram a fazer sentir. Na assembleia geral de 1934 o declínio da instituição era justificado com a baixa do juro, que afetou gravemente os lucros do banco, cujas transações mantinham uma orientação conservadora. Paralelamente, os problemas eram estruturais e vinham de há muito: os dividendos altos distribuídos, por pressão dos pequenos acionistas, nos últimos anos, estavam a ser retirados do fundo de reserva, visto o banco não apresentar lucros, e a irregularidade dos lucros líquidos impossibilitava o aumento dos fundos próprios. Perante esta situação, a solução passava pela fusão da instituição com outra entidade. Já nos finais da década de 20 tinha sido rejeitada em assembleia geral uma proposta apresentada pelo Banco Lisboa & Açores. No entanto, em 1937, a situação do Banco Comercial de Lisboa era diferente, e a permanência do banco em atividade, encontrava-se comprometida. Tendo em vista a continuação do negócio e as vantagens para os acionistas, um grupo destes compostos por António Tarujo Formigal, Caetano da Silva Pestana, Fernando Eduardo Espírito Santo Moniz Galvão, Manuel Teixeira de Queirós Pereira e outros, alguns deles também acionistas do Banco Espírito Santo, defendem a integração da instituição nesta última entidade. A fusão concretizou-se a 22 de junho de 1937, confirmada por Portaria de 20 de outubro, tendo dado origem à alteração do pacto social do Banco Espírito Santo, que passava agora a designar-se Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa. O acordo de fusão estabelecido assentou na atribuição de duas ações da nova entidade por duas do Banco Espírito Santo ou três do Banco Comercial de Lisboa. Para os acionistas que não quisessem participar no novo banco, estava previsto o pagamento do valor das suas ações por 506$66, cada, valor superior à cotação em bolsa. Também os funcionários do Banco Comercial de Lisboa não foram esquecidos e foram integrados nos quadros da nova instituição sem perda de direitos ou benefícios.
Sistema de organização
Cronológico
Existência e localização de cópias
Nenhuma