Cooperativa "A Bancária"
Nível de descrição
Fundo
Código de referência
PT/BP/CB
Código de referência Nyron
CB
Título
Cooperativa "A Bancária"
Datas de produção
1918-08-22
a
1927-12-31
Dimensão e suporte
7 Livros e Caixas ; Papel
Entidade detentora
Banco de Portugal
História administrativa/biográfica/familiar
Por escritura de 22 de Agosto de 1918, foi fundada a Cooperativa de crédito e consumo "A Bancária" sob a forma de sociedade anónima de responsabilidade limitada, com sede em Lisboa, tendo por finalidade a compra e venda, nas condições mais vantajosas para os sócios da Cooperativa, de todos os artigos necessários à existência. Os Estatutos contemplavam ainda a instituição de uma Caixa Económica, segundo o pensamento da época, de defesa do cooperativismo e que constava também dos Estatutos da Federação Nacional de Cooperativas, da qual "A Bancária" era sócia. Esta última chegou a fazer planos no sentido do estabelecimento de uma Caixa Económica, cujas bases chegaram a ser aprovadas em Assembleia Geral não tendo, no entanto, sofrido qualquer desenvolvimento posterior. O capital social era constituído por ações nominativas de 10$00, num máximo de 50 e nunca inferior a 100$00, podendo estas ser pagas a pronto ou em prestações mensais. O fundo de reserva era constituído por dez por cento dos lucros líquidos anuais, pela venda dos Estatutos e diploma aos sócios por $50, bem como pelas joias e quaisquer donativos ou receitas eventuais. Da Cooperativa podiam ser sócios, todos os indivíduos que exercessem a sua atividade na Sede do Banco de Portugal e Agências, tendo o direito de se fornecer a dinheiro, crédito mensal e a prestações. Assim, começou a funcionar esta Sociedade a 22 de Agosto de 1918, na Rua do Comércio, 170-2º numa parte do edifício do Banco de Portugal, cedida pela direção do mesmo, a título precário e sem ter de proceder a qualquer pagamento de renda, água ou luz. Também os utensílios de que a Cooperativa carecia para iniciar o seu funcionamento, desde móveis até balanças para pesagem das mais variadas mercadorias, foram cedidos pelo Banco. A 26 de Agosto de 1918, tomaram posse os corpos gerentes da Cooperativa, fazendo parte como Presidente da Mesa da Assembleia Geral o próprio Governador do Banco, Dr. Inocêncio Camacho Rodrigues. A direção da Cooperativa era composta por 7 membros e o serviço distribuído semanalmente por todos eles. Para além desta direção, a Cooperativa possuía ainda um Conselho Fiscal composto por 3 membros. No entanto, só em 23 de Setembro abriu as portas aos seus associados, iniciando as transações nessa mesma data com 2 escriturários e 2 caixeiros, tendo o quadro de pessoal sido posteriormente alargado. Mas, apesar dos esforços envidados relativamente à sua constituição, "A Bancária" estava votada a uma vida bem curta devido a uma série de problemas que se lhe depararam logo antes do final da primeira gerência (i. e. 31 de Dezembro de 1919). Foram eles: sérias dificuldades de abastecimento em géneros alimentares devido ao racionamento existente a nível europeu provocado pela guerra; má qualidade dos fornecimentos bem como vários e consecutivos "extravios" de produtos que eram enviados por caminho-de-ferro à Cooperativa; a escassez dos produtos conjuntamente com o açambarcamento por parte do pessoal da Sede dificultava a sua distribuição pelas Delegações; por outro lado, as despesas de despacho dos produtos para as agências ficavam a cargo dos sócios o que encarecia muito os géneros; ainda a dificuldade enorme de fixação de pessoal competente, embora todos os empregados tivessem um bónus pelas vendas que efetuassem. A nível da própria direção se verificou a detenção irregular, por um dos seus membros, de débitos de vários sócios que não deram entrada na Caixa da Sociedade. Assim, as diferenças encontradas não permitiram que os lucros fossem significativos, facto a que não foi alheio a posição da própria Cooperativa já que esta não exigiu qualquer liquidação extra aos associados; posteriormente, já em Fevereiro de 1921, a direção demissionária da Cooperativa tomava conhecimento do desvio de diversos géneros por parte de um dos empregados. Os prejuízos rondaram um terço do capital da sociedade levando a concluir da inviabilidade da existência da mesma, uma vez que os lucros eram inferiores aos ordenados dos empregados. Foi assim que em 18 de Julho de 1921, data da última Assembleia Geral, foi deliberado o encerramento da Cooperativa, moção esta aprovada por unanimidade. Nesta sequência, todo o pessoal foi dispensado, procedendo-se inicialmente à liquidação e encerramento da secção de mercearias, seguida de todas as outras secções.
Existência e localização de cópias
Nenhuma