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Banco Burnay

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Banco Burnay

Detalhes do registo

Nível de descrição

Subfundo   Subfundo

Código de referência

PT/BP/IGCS-BBUR

Título

Banco Burnay

Datas de produção

1925-05-24  a  1970-02-04 

Dimensão e suporte

1 Caixa ; Papel

História administrativa/biográfica/familiar

O Banco Burnay teve a sua origem na casa bancária Henry Burnay & Companhia, fundada por Henry Burnay, Ernest Laurent Empis e Eugène Larrouy. Embora a escritura de fundação da casa bancária tivesse sido redigida em 22 de março de 1875, as atividades tinham-se iniciado a 1 de julho do ano anterior. Constituída como sociedade ilimitada, a casa bancária Henry Burnay & Companhia teve um importante papel no tecido político, económico e financeiro do último quartel do século XIX, estando a sua vida associada à ascensão e prestígio do seu principal fundador, Henry Burnay. A primeira modificação no pacto social deu-se em 1884, com a saída de Larrouy da sociedade, ficando Burnay a controlar 80% do capital da mesma. Com as inúmeras crises económicas e financeiras que os sucessivos governos enfrentaram na última metade do século XIX e princípios do século XX, a casa bancária, e mais concretamente o seu maior acionista, beneficiaram largamente com a situação privilegiada que Henry Burnay gozava junto dos governantes da época, fazendo dele um dos principais financiadores e credores do Estado. Esta situação permitiu-lhe somar fortunas avultadas que reinvestia na indústria nacional, tendo chegado a criar a Companhia dos Tabacos de Portugal, companhia que controlava e detinha o monopólio comercial. Muitos dos principais empreendimentos dessa época tinham a sua marca, ou participação. Como instituição de crédito, a casa bancária participava nos mais variados negócios e atividades, desde a exportação de vinhos à reexportação para a Europa de produtos coloniais. O negócio dos transportes (caminhos de ferro), exploração de portos, a atividade mineira, os lanifícios, a indústria do vidro, etc. eram também setores controlados pela família. Henry Burnay era um capitalista, por excelência e a sua casa bancária, um dos ramos da diversidade comercial e industrial que dominava, bem como o agente financiador de toda a sua atividade. Em 1905, o capital social da casa bancária era já de 2050 contos de réis.Em 1909 Henry Burnay morre e a direção da casa bancária é assumida pelos filhos, Henrique e Roberto Burnay, e por Eduard John. A situação política portuguesa inverte-se, embora a prosperidade da sociedade se mantenha, intensificando-se mesmo, conseguindo a captação de inúmeros capitais para a indústria nacional, junto do exterior. É neste contexto que a casa bancária, em 1916, funda a Companhia de Petróleo de Angola com auxílio belga. Com a Primeira Grande Guerra, a situação favorável vivida altera-se e a derrocada do império Burnay esteve eminente. Por escritura de 01 de julho de 1925, a casa bancária é transformada em sociedade anónima de responsabilidade limitada, adotando a designação de Banco Burnay. Sediado em Lisboa, à Rua dos Fanqueiros, e fundado com o capital social de 19.500 contos, o Banco Burnay vai continuar a exploração da atividade bancária que a casa Henry Burnay & Companhia desenvolvia, bem como participar nos mais variados ramos da indústria e do comércio tanto na metrópole como nas colónias. Fazia parte da estrutura acionista do banco a Société Générale de Belgique, que era o principal acionista, e o Banque l’Union Parisienne, de França.O Banco Burnay nascia com o apoio de capitais estrangeiros num contexto adverso: a crise política e económica que causava forte instabilidade no escudo e nos mercados cambiais e financeiros. A prudência, estabilidade e solidez fizeram o Banco Burnay crescer de forma lenta e os primeiros dividendos foram distribuídos somente em 1939. A década de 30 e os princípios dos anos 40 foram profundamente marcados por uma reestruturação de todo o grupo Burnay, e o banco não foi exceção. Algumas empresas do grupo foram encerradas, reduzidos os custos, e novos métodos de gestão e desmobilização de créditos foram adotados. Neste contexto, em 1934 o capital social do banco é reduzido. Começam então a fazer-se sentir as melhorias introduzidas na instituição mas, a Segunda Grande Guerra está à porta, com imensos efeitos nefastos na vida económica e financeira do País e do mundo. Passados os tempos difíceis, os lucros começam a aparecer com alguma consistência e, em 1948, o fundo de reserva iguala o valor do capital social: 12.800 contos. Com esta prosperidade, a ação do Banco intensifica-se no exterior, principalmente junto de importantes sociedades comerciais coloniais e em França, onde detém inúmeros interesses comerciais. Os anos 50 são anos de prosperidade para o banco, que beneficia da situação favorável dos mercados externo e interno, contribuindo ativamente para a criação de empresas como a Companhia Carbonífera de Moçambique, a Companhia de Pólvoras e Munições de Barcarena, a Sociedade de Obras e Projetos de Eletricidade (SOPREL) e a Empresa Fabril de Máquinas Elétricas (EFA). Financia empresas incluídas no I Plano de Fomento, como a Carbonífera de Moçambique, a Hidroelétrica de Revue, a Siderurgia Nacional, a RTP, etc. e colabora com o governo português, sob o ponto de vista financeiro e comercial, nas diversas iniciativas governamentais. No ano de 1950 há a necessidade de alterar o pacto social e aumentar o capital social para 20.000 contos, mas devido à intensidade do investimento e a necessidade de reforçar a solidez da instituição, em 1954 o capital social é novamente aumentado para 32.000 contos. Entretanto, em 1959, é aprovado o Decreto-Lei nº 42641, de 12 de novembro, que completou a reforma da estrutura bancária e do crédito, efetuada pelo Decreto-Lei nº 41403, de 27 de novembro de 1957. Esta reforma transformou a natureza do Banco Burnay, deixando este de ser um banco de investimento para passar a ser um banco comercial, procurando abrir dependências e filiais em todo o País. Se até 1960 o negócio do Banco Burnay era desenvolvido unicamente na sua sede, em Lisboa, em 1966, já tinha 21 balcões e preparava-se para abrir outros, um pouco por todo o território nacional, mas cujas autorizações tardavam em ser deferidas. A rede de balcões que o banco abriu despertou o interesse do Banco Fonsecas, Santos & Viana que, sendo um dos estabelecimentos de crédito mais importantes do País, ainda não tinha nenhuma sucursal, filial ou agência aberta. Este interesse caiu por terra temporariamente para desabrochar novamente em meados dos anos 60. Para fazer face ao movimento de expansão da instituição, em 1964 o capital social foi aumentado de 32.000 contos para 50.000 contos e em 1965 a modernização tecnológica chega à instituição entrando em funcionamento o processo de contabilização com cartões perfurados, introduzindo a informática no setor bancário português, já existente na Europa mas desconhecido ainda em Portugal.No ano de 1965, a 8 de abril, a Société Générale de Belgique abandona a sua participação privilegiada no Banco a favor de um grupo português e em 1966 o interesse do Banco Fonsecas, Santos & Viana em adquirir o Banco Burnay concretiza-se, por processo de fusão. Segundo o acordo estabelecido, o activo e passivo da instituição seriam incorporados no Banco Fonsecas, Santos & Viana, o qual alterou o seu pacto social para passar a denominar-se Banco Fonsecas & Burnay.

Sistema de organização

Cronológico

Existência e localização de cópias

Nenhuma

Unidades de descrição relacionadas

Para informações posteriores, consultar BP/SB/BFB - Banco Fonsecas & Burnay.