Agência do Banco de Portugal em Faro
Nível de descrição
Fundo
Código de referência
PT/BP/BP-FARO
Título
Agência do Banco de Portugal em Faro
Datas de produção
1875-07-10
a
2007-12-28
Dimensão e suporte
30 Livros e 82 Caixas ; Centímetros ; Papel
Entidade detentora
Banco de Portugal
História administrativa/biográfica/familiar
Em Julho de 1875 era criada a Agência do Banco de Portugal em Faro, sendo confiada à firma Almeida & Filhos, tendo como sócio capitalista, Manuel Joaquim d'Almeida, antigo correspondente na cidade. Como escriturário, seguiu para Faro, o primeiro caixeiro Joaquim Martins Leitão. Esta agência caracterizava-se por uma organização diferente das demais agências do Banco já que estava entregue a uma firma comercial. Trabalhava "à comissão", com uma dotação inicial, sendo o agente responsável pelo pagamento integral das letras que descontasse. As operações a que esta estava autorizada eram o desconto de letras, o empréstimo sobre penhores, as operações cambiais, as transferências e os depósitos gratuitos, à ordem. Em Abril de 1877, a direção da Agência passou a ser assegurada diretamente pelo Banco, através de dois agentes nomeados: Joaquim Augusto Leite Ribeiro e Manuel Joaquim de Almeida. A instalação definitiva deu-se a partir de 1887 quando, por força do contrato de 10 de Dezembro desse ano, entre o Governo e a direção do Banco de Portugal, esta se obrigava a criar, dentro de um prazo de quatro anos, Caixas Filiais e Agências nas capitais de distrito por contrapartida da detenção do monopólio da emissão de notas. Nesta sequência, e de harmonia com a Carta de Lei de 29 de Julho de 1887, ficavam a cargo do Banco de Portugal os serviços de Tesouraria do Estado, provisoriamente organizados a partir de 1 de Janeiro de 1888, ficando à sua frente o tesoureiro pagador do distrito desempenhando, de acordo com o decreto nº 1, de 15 de Dezembro de 1887, as funções de agente provisório do Banco para os serviços de Tesouraria do Estado enquanto não se organizassem definitivamente as Agências. A primeira nas condições da citada lei foi, de facto, a de Faro: a 1 de Setembro de 1889, no edifício do Governo Civil de Faro, António Pereira de Matos, antigo tesoureiro-pagador do distrito, e Manuel Penteado, anterior gerente eram empossados como agentes; na mesma altura tomaram também posse, dois escriturários, um caixeiro e um servente. A agência encontrava-se inserida numa zona essencialmente agrícola, onde predominavam as culturas de regadio. As indústrias existentes estavam ligadas ao sector agrícola e piscatório: conservas de peixe, sal, exploração de cortiça e frutos secos - amêndoa, figo e alfarroba - e moagens. A pesca era a principal indústria que alimentava ainda as diversas fábricas de conservas da região. Segundo dados de 1912, era considerada uma província rica, com bastante influência na economia do país, grande volume de exportação para o exterior e volume de importação relativamente pequeno, portanto quase auto-suficiente. Mais tarde, esta prosperidade teve uma quebra apenas revitalizada pelo escoamento das conservas em tempo de guerra. Nos anos 60 começou a desenvolver-se a construção civil aliada à eclosão do turismo. Também a compra de cambiais aumentou, tanto por remessas de emigrantes como por via do turismo. No entanto este não se apresentava tão ativo como seria de esperar pela afluência turística, dado que muitos turistas adquiriam a moeda portuguesa nos países de origem. Ligada à Agência existia uma rede de correspondentes que procediam, localmente, ao desconto de letras e à prestação de informações. Em 1900 haviam quatro, em Loulé, Portimão, Tavira e Olhão a que se juntou, a partir de 1907, Lagoa, Lagos, Monchique, Silves Vila Real de Santo António chegando, em 1946, a 18 (em Estói, Fuzeta, Moncarapacho, Luz, Boliqueime, Paderne, Sta. Bárbara de Nexe, Alte, Almancil, Salir, Cachopo, Quarteira e Martinlongo) e atingido o número máximo de 23 em 1971. No início, as funções da Agência resumiam-se quase só ao serviço do Tesouro. O desconto de letras não tinha tanta amplitude como seria de esperar contribuindo, para isso, a falta de confiança da Agência nos pretendentes a esta operação, devido ao desequilíbrio dos resultados dos negócios em geral. A atividade principal para a Agência eram as Letras a Receber no País por conta Alheia. Mais tarde, o desconto, em virtude de progressiva confiança na praça, já representava o principal lucro da Agência, não obstante a forte concorrência doutros bancos com condições mais vantajosas. Depois de 1974, com a nacionalização da Banca, as Agências viram as suas funções diminuídas. Em 1976, foi extinta a rede de correspondentes, encerrando-se a maioria das agências concelhias, em 1977. Os saldos e os valores de Portimão e Vila Real de Santo António foram incorporados em Faro tal como anteriormente o tinham sido os de Loulé e Olhão. Em 1978 foram criados novos serviços: Invisíveis Correntes e a Central de Apontes e Protestos e ainda o Serviço de Compensação. Em Agosto de 1983, a Agência passou a funcionar em "regime de acesso condicionado". Com a reestruturação levada a cabo na rede de Agências, esta foi uma das que, ainda hoje, se mantêm abertas ao público. EDIFÍCIO Primitivamente instalada no edifício do Governo Civil, cedo se sentiu a necessidade de melhorar as suas acomodações, já que parte do edifício estava ocupada pelas prisões da esquadra da polícia e ainda pela Recebedoria do Concelho, prejudicando bastante a sua atividade. Assim, foi criada, em Março de 1900, uma comissão para estudar um acordo com a Câmara Municipal de Faro, sobre o terreno a escolher para a construção de um edifício de raiz. A escolha recaiu sobre o terreno onde então funcionava o mercado municipal de fruta e hortaliças da cidade que foi adquirido em 30 de Novembro de 1915, ficando acordado que o Banco só entraria de sua posse quando o dito mercado fosse transferido para outro ponto da cidade. Em 1916, foi decidido entregar o projeto ao arquiteto Adães Bermudes tendo as obras começado a 5 de Junho de 1917. Durante o período da construção do novo edifício, os serviços do Banco funcionaram no 1º andar dum prédio da Rua de Santo António, nº. 53 em regime de arrendamento. Apenas dez anos depois o edifício estava terminado, sendo inaugurado em 1927. O edifício caracteriza-se por um ecletismo que vai procurar inspiração dos modelos antigos mas também pela sua mistura com elementos e materiais modernos, utilizando o vidro, o betão armado e o ferro. O estilo antigo escolhido pelas razões geográficas óbvias, foi o mourisco o que é bem patente no belo edifício da Agência. A entrada principal com arco em ferradura dando acesso a uma zona abobadada, as várias janelas em arco de ferradura, as superiores em ferradura quebrada em ogiva, ladeadas por colunelos, tudo isto nos remete para essa influência. A reforçar tudo isto, o revestimento em azulejo, de relevo hispano-árabe, da zona central da fachada e os vitrais coloridos. O edifício conheceu obras de beneficiação e conservação do edifício em 1946. Também o interior do edifício sofreu importante restauro. Posteriores obras, nos anos 60 e 70, tiveram como objetivo a modernização da Agência, ainda hoje aberta ao público.
Sistema de organização
Cronológico, alfabético e numérico
Condições de acesso
Parcialmente comunicável
Existência e localização de cópias
Nenhuma